ACERT acolhe residência artística de a Formiga Atómica em fevereiro

“A Formiga Atómica pediu-nos parceria e começa aqui a preparação do espetáculo “Terminal (O estado do mundo)” que vai estrear em 2024 e poderá acontecer em qualquer lado: numa rua, num café, à saída de uma fábrica. O objetivo é provocar o debate”, disse um dos diretores do Trigo Limpo Teatro ACERT.

Pompeu José referiu que estas parcerias “são a história da ACERT, que sempre trabalhou com outras companhias e associações, porque só assim faz sentido, o trabalho e o crescimento, enquanto companhia e estrutura” cultural.

Além de que Miguel Fragata “começou aqui, na ACERT, é um menino nosso e agora está com a Inês Barahona no projeto da Formiga Atómica, portanto fazia todo o sentido esta parceria”, justificou.

Pompeu José falava hoje aos jornalistas, juntamente como o outro diretor do Trigo Limpo, José Rui Martins, a propósito da programação do primeiro trimestre deste ano e do trabalho que a ACERT tem realizado ao longo dos “quase 50 anos” de existência.

Apesar de não adiantarem nada sobre as comemorações do meio século, para estes três meses destacaram os concertos dos Clã (19 de janeiro) e de Elas e o Jazz (04 de março), que “são os que, certamente, terão mais visibilidade e chamam mais pessoas”.

Pessoas que “voltaram a encher e a esgotar as salas” da ACERT, “quer em 2022, quer agora em janeiro com o espetáculo “Frida Kahlo, a filha da grande manhã”, que “esgotou em dois espetáculos para o público em geral e três para as escolas”.

“E isto sim, volta a ser motivo de satisfação”, assumiram os responsáveis que também apresentaram a sua “solidariedade para com as associações que viram o apoio cortado” por parte da Direção Geral das Artes (DGArtes).

Não esconderam a “alegria de voltar ao patamar de apoio financeiro que tinha antes dos tempos da Troika, em 2009, 2010”, mas defenderam que “não justifica o Ministério da Cultura dizer que aumentou o apoio para quadrienal e depois cortar na modalidade bienal”.

A ACERT recebeu um financiamento de 150.000 euros de apoio à programação do Novo Ciclo ACERT no âmbito de espaço credenciado da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP) que se destina “exclusivamente para pagamento de espetáculos da programação”.

E o financiamento de 240.000 euros de apoio sustentado quadrienal para estrutura, criação e itinerância, mas que “não fica todo na ACERT, uma parte de todo o financiamento da DGArtes fica na economia local”.

“Cerca de 30% ou 40% dos apoios financeiros que recebemos vai para a comunidade através dos restaurantes, dos carpinteiros que connosco trabalham e de outros artistas que são nossos parceiros através das suas empresas e que são locais, não fica na ACERT”, justificou.

José Rui Martins explicou ainda que “apesar de ter sido anunciado um aumento no apoio à Cultura, ficou por dizer que esse aumento só chegaria se o quadro de pessoal fosse reforçado com contratos de termo certo”.

“Ou seja, volta ao local do crime, porque sai do Ministério da Cultura e volta para o Ministério das Finanças, da Segurança Social e não vai para produções da companhia e, consequentemente, para quem contribui como as empresas locais”, apontou.

José Rui Martins e Pompeu José lembraram que, as produções do Trigo Limpo teatro ACERT “costumam estar quatro ou cinco dias antes nos sítios” e, a título de exemplo, referiram o espetáculo “A Passarola” e, “tudo isso mexe com a economia local e as associações” da região.

“Esta sempre foi a nossa forma de trabalhar, o nosso pilar e defendemos que só assim faz sentido, porque envolvemos as pessoas e deixamos sementes”, assumiram os dois responsáveis.

No entender dos dois, “a região Centro é uma das mais equilibradas culturalmente, muito porque as estruturas existentes têm a sua identidade e não são concorrentes umas das outras, são sim um complemento e é assim que faz sentido”.

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