"Ainda não acabei". Spielberg promete ultrapassar Manoel de Oliveira

Depois de mais um filme nomeado para os Óscares e de uma carreira repleta de sucessos e ‘blockbusters’, o realizador norte-americano Steven Spielberg foi condecorado na quinta-feira com o importante Urso de Ouro de prémio carreira no festival de cinema de Berlim. Spielberg deixou claro que não vai parar de trabalhar tão cedo, e tem um recorde português na sua mira.

Ao público da Berlinale de 2023, o realizador, de 76 anos, fez um resumo da sua carreira que se estende por seis décadas de cinema, desde o primeiro filme, ‘Um Assassino Pelas Costas’ (1991), ao icónico ‘Jaws’ (‘Tubarão’, em português) ao mais recente ‘Os Fabelmans’, que está nomeado para o prémio de melhor filme nos Óscares.

Steve Spielberg deu um discurso emocionado, com muitas ovações pelo meio, e disse que “as ansiedades e as incertezas e os medos” que o “atormentaram ficaram vivas durante 40 anos, como se o tempo não passasse”. “E felizmente para mim, a alegria elétrica que senti no meio primeiro dia de trabalho como diretor mantém-se imperecível, porque não há outro lar para mim do que quando estou no cenário”, afirmou.

O realizador, responsável por sucessos como ‘ET’ (1982), ‘A Lista de Schindler’ (1993), ‘O Resgate do Soldado Ryan’ (1998), ‘Parque Jurássico’ (1993′ ou ‘Indiana Jones: Os Salteadores da Arca Perdida’ (1981), entre muitos outros, deixou claro que a sua carreira não está a terminar, nem de longe.

“Sinto-me, também, um pouco alarmado ao dizerem-me que vivi uma vida inteira porque não acabei, quero continuar a trabalhar. Quero continuar a aprender e descobrir e assustar-me e, às vezes, até a vocês. Tenho de voltar a alguns desses filmes iniciais mais assustadores, mas isso é outra história para mais tarde. Enquanto houver alegria nisso para mim, e enquanto o meu público puder encontrar alegria e outros valores humanos nos meus filmes, tenho relutância em dizer que acabou“, disse.

E o cineasta mencionou também as suas intenções objetivas: ultrapassar o recorde do português Manoel de Oliveira como o realizador mais velho em atividade.

“Para ser sincero, gostava de bater o recorde de Manoel de Oliveira e realizar o meu último filme quando tiver 106 anos”, confessou, acrescentando que o seu pai “viveu até aos 103 e meio”. “Teoricamente, tenho os genes e talvez tenha a sorte, mas apenas Einstein sabe de certeza”, brincou.

Aceitando o Urso de Ouro em Berlim, num dos festivais de cinema mais importantes da indústria, o realizador norte-americano deixou ainda uma nota de “dívida incalculável” ao cinema alemão e à relação que tem com o mesmo devido à sua família e ascendência judaica.

Spielberg também agradeceu a todos os que o acompanharam ao longo da sua ilustre carreira – que conta com três Óscares de melhor realizador, dois BAFTAs, nove Globos de Ouro, 12 Emmys, uma Palma de Ouro de Cannes, um César honorário e, agora, um Urso de Ouro honorário, entre centenas de outras nomeações e prémios.

“Todos os meus filmes foram feitos em colaboração com grandes pessoas. Toda a minha vida, a minha família – tudo é colaboração”, disse, destacando vários cineastas alemães e, claro, o compositor John Williams, que o acompanhou na maioria dos seus filmes de destaque.

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