Alicia Kopf usa tecnologia para refletir em ‘Speculative Intimacy’

“Foi a ocasião perfeita, todos os elementos se alinharam para que pudesse fazer esta exposição”, afirmou Alicia Kopf, à margem da visita para a imprensa à mostra, que se desdobra em dois filmes: “History of my eyes” e “An understanding of control”.

A exposição “Speculative Intimacy” enquadra-se no projetoReação em Cadeia” e tem abertura hoje, pelas 15:00, na Culturgest Porto, onde ficará patente até 28 de fevereiro.

Em declarações aos jornalistas, a artista plástica e escritora catalã explicou que o processo de produção das filmagens, que decorreu em observatórios planetários e consultórios de oftalmologia, foi “épico“, uma vez que já coincidiu com a pandemia.

“Foi um processo muito épico porque estávamos em plena pandemia e as filmagens foram tensas, às vezes chegava até a ser delicado. Houve muito trabalho de convencer as pessoas a colaborar o que num contexto como este que vivemos é difícil”, disse, acrescentando, no entanto, estar “muito feliz” com o resultado.

A “Speculative Intimacy” é o primeiro trabalho da artista, cujas produções assentavam maioritariamente em arte vídeo, realizado através de meios cinematográficos.

Partindo da estética tecnológica, Alicia Kopf, usa a narrativa para refletir sobre temas estruturantes e paradoxais como a reprodução e a procura de vida noutros sistemas planetários, bem como a relação entre os humanos e a tecnologia.

Segundo a artista, “History of my eyes” parte de uma análise aos olhos, o “objeto material da história”, para refletir sobre a intimidade, mais concretamente, a maternidade, e em paralelo, sobre o futuro da humanidade.

“Estes telescópios o que fazem é procurar vida, semelhante à protagonista que procura vida através do próprio corpo”, explicou, acrescentando que o jogo conceptual do filme tira proveito da estética para “viajar ao futuro através da reprodução”.

Em “An understanding of control”, a artista reflete sobre a relação entre o humano e a tecnologia, recorrendo a uma figura feminina e a um ‘drone’ para ilustrar essa relação um pouco “fora do controlo”.

Também em declarações aos jornalistas, o curador da exposição e programador de artes visuais da Culturgest, Bruno Marchand, afirmou que esta “traz de volta a narrativa, que não está muito presente na arte contemporânea“.

“Assume essa narrativa de forma muito clara e serve-se dos mais variados meios para concretizar um ensaio visual que, desta feita, consegue utilizar recursos muito profissionais para estabelecer a lógica de uma história que é contada a um visitante e de alguma forma explora esse campo misto entre a literatura e o visual”, acrescentou.

A artista plástica e escritora Alicia Kopf entrou nos circuitos culturais em 2016, com o romance “Irmão de Gelo”, que se diferenciou por prescindir de uma estrutura narrativa convencional e por incluir outros elementos que não apenas o texto do enredo.

A par dos livros, as investigações da artista produzem também outros tipos de objetos — desenhos, fotografias, vídeos — que funcionam como “declinações” do seu trabalho na escrita.

Comissariada por Bruno Marchand, que assumiu funções de programador de artes visuais na Culturgest em março de 2020 e, por inerência, a curadoria do ciclo “Reação em Cadeia”, “Speculative Intimacy” é a quinta exposição deste ciclo, de que resulta da colaboração entre a Fidelidade Arte e a Culturgest.

 

 

 

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