Anunciadas as seis escritoras finalistas para o Women’s Prize for Fiction

 

Piranesi’, o segundo romance da britânica Susanna Clarke, publicado 16 anos após o premiado ‘Jonathan Strange e Mr. Norrell’, com que conquistou o Prémio Hugo e o Prémio Revelação dos livreiros britânicos, em 2005, é um dos finalistas a prender desde já a atenção da crítica. Igualmente finalista dos prémios Costa e Hugo, o romance investe numa personagem de mistério, Piranesi (nome comum ao do arquiteto italiano do século XVIII), que obsessivamente anota toda a informação da casa labiríntica onde habita.

O tema dos gémeos continua presente na fase final desta edição do Women’s Prize for Fiction, em dois dos seis romances candidatos ao prémio: “The vanishing half”, da norte-americana Brit Bennett, em que uma de duas irmãs idênticas, oriundas de uma comunidade negra, constrói uma nova identidade como pessoa branca, e “Unsettled Ground”, da britânica Claire Fuller, que segue dois gémeos de 51 anos, que ainda vivem com a mãe.

Dois romances de estreia passaram também à lista de finalistas: “No One Is Talking About This”, da norte-americana Patricia Lockwood, sobre o cruzamento entre as vidas real e ‘online’ de uma mulher, e “How the One-Armed Sister Sweeps Her House”, de Cherie Jones, de Barbados, um conto de homicídio, abuso e violência.

A lista de finalistas encerra com “Transcendent Kingdom”, da ganense-americana Yaa Gyasi, que segue a descoberta da história familiar de uma mulher, depois de a dependência de opiáceos destruir a vida do seu irmão.

Pelo caminho ficaram a escritora transgénero norte-americana Torrey Peters, com o seu romance de estreia, “Detransition, Baby”, a consagrada autora escocesa Ali Smith, candidata com o último volume da tetralogia sobre as estações, “Summer”, e a comediante britânica Dawn French, com o seu livro “Because of you”, que lança um olhar sobre a maternidade.

As restantes autoras que não chegaram à fase final são as norte-americanas Raven Leilani, com “Luster”, e Avni Doshi, com “Burnt Sugar”, que foi finalista do Prémio Booker 2020, as irlandesas Naoise Dolan, com “Exciting Times”, e Kathleen McMahon, com “Nothing But Blue Sky”, e a britânica Clare Chambers, com “Small Pleasures”.

“A elaboração de uma lista longa de dezasseis livros foi relativamente fácil, em comparação com a seleção de seis romances, o que exige mais consenso”, disse a presidente do júri, Bernardine Evaristo, referindo-se à ‘lista longa’ anunciada em março, e da qual saíram agora as seis finalistas.

“Infelizmente, tivemos de perder livros excecionais que adorámos. No entanto, com esta lista restrita, estamos entusiasmados por apresentar uma gloriosamente variada e tematicamente rica exploração da ficção feminina no seu melhor. Estes romances vão levar o leitor de uma Grã-Bretanha rural, esquecida, para o centro de uma comunidade em Barbados; do interior agitado dos meios de comunicação social para o interior de uma família assolada pelo vício e a opressão; de uma questão racial na América, para um labirinto mental de dimensões inauditas”, prosseguiu a autora de “Rapariga, Mulher, Outra”, com que ganhou o prémio Booker.

“A ficção das mulheres [escritoras] desafia a categorização e os estereótipos, e todos estes romances confrontam-se com as grandes questões da sociedade, expressas através de histórias emocionantes. Sentimo-nos apaixonados por estes enredos, e esperamos que os leitores também fiquem”, concluiu Evaristo, no termo do anúncio das finalistas, feito hoje ao final da tarde.

Do painel de jurados fazem ainda parte a escritora e jornalista Elizabeth Day, a apresentadora de televisão e rádio Vick Hope, a colunista Nesrine Malik e a apresentadora Sarah-Jane Mee.

No ano passado, o prémio foi atribuído ao romance “Hamnet”, da irlandesa Maggie O’Farrell.

A vencedora será anunciada a 7 de julho.

Dirigido pela romancista Kate Mosse, o Women’s Prize for Fiction tem por objetivo reconhecer a ficção escrita por mulheres em todo o mundo.

Criado em 1992, em Londres, capital britânica, por um grupo de homens e mulheres jornalistas, críticos, agentes, editores, bibliotecários e livreiros, o prémio foi uma resposta ao facto de, no ano anterior, a lista de finalistas do prestigiado prémio literário Booker não ter incluído uma única mulher.

Aliás, em 1992, apenas dez por cento das finalistas ao Booker Prize tinham sido mulheres.

A residência ou o país de origem não são critérios de elegibilidade para o Women’s Prize for Fiction, que celebra a criatividade feminina.

A vencedora recebe um prémio monetário no valor de 30 mil libras (perto de 33 mil euros).

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