Autarca quer capital da Cultura para desenvolvimento de Évora e Alentejo

Em declarações aos jornalistas, à margem do anúncio da escolha da cidade portuguesa Capital Europeia da Cultura 2027, hoje em Lisboa, o autarca recordou que “neste momento Évora já está num processo de desenvolvimento muito significativo, a economia tem vindo a crescer em muitos setores”.

“Mas queremos sobretudo que haja um processo de desenvolvimento que, em primeiro lugar, trave o despovoamento que temos na região, que consigamos fixar população, que consigamos trazer população. Um processo de desenvolvimento que junte todos”, afirmou.

Com o conceito do “vagar”, expressão tipicamente alentejana, a candidatura da cidade alentejana foi a vencedora de um lote de quatro finalistas, do qual também faziam parte Aveiro, Braga e Ponta Delgada.

Momentos antes, no discurso da ‘vitória’, Carlos Pinto de Sousa revelou que a candidatura de Évora propôs “um conceito de vagar para a Europa”, por entender que “a Europa precisa desse vagar”.

“Estamos numa encruzilhada e precisamos de repensar a nossa sociedade, a nossa vida, a forma como vivemos, como nos juntamos, como procuramos a felicidade”, afirmou o autarca, acrescentando que, para isso, “o vagar que está radicado na identidade cultural alentejana é fundamental, não apenas para o Alentejo, mas para o país e para a Europa”.

O mundo precisa de “mudar para melhor”, e Évora quer “contribuir para esse caminho”,

No mundo, Portugal não é exceção e, como tal “precisa também deste vagar”: “Para nos reequacionarmos e pensarmos para onde vamos”.

“E sobretudo, o Alentejo e Évora precisam deste projeto para, com a Cultura no centro, conseguir um processo de desenvolvimento que ultrapasse as suas dificuldades, mas que sobretudo potencie as enormes possibilidades que temos, para encarar o futuro de uma outra maneira. Vamos empenhar-nos todos, para que este processo dê certo”, afirmou.

Aos jornalistas, Carlos Pinto de Sá confidenciou que a candidatura de Évora é “um projeto muito ambicioso, que foi pensado um pouco fora da caixa, daquilo que seriam os trâmites normais das candidaturas, porque o Alentejo é diferente”.

“E, por isso, queríamos marcar a nossa identidade cultura, porque é isso que nos distingue dos outros”, disse.

A cidade já tem “um conjunto de infraestruturas a serem melhoradas”, como Teatro Garcia de Resende, recentemente modernizado, o Salão Central, “antigo cinema abandonado há 30 anos, que no início do próximo ano vai estar à disponibilidade da população e da área cultural”, e o Palácio D.Manuel, recentemente renovado.

Mas a ambição é “ir mais longe, nomeadamente construir um pavilhão multiusos, que Évora e o Alentejo precisam, para termos capacidade para receber grandes eventos”.

Além disso, salientou o autarca, uma das ideias é “sair das quatro paredes”: “Queremos usar a paisagem, o montado, o espaço público para podermos fruir da Cultura, quer daquela que produzimos em Évora e no Alentejo, quer daquela que queremos trazer da Europa para o Alentejo”.

Aos jornalistas, Carlos Pinto de Sá, levantou o véu sobre o “programa cultural extraordinariamente ambicioso” apresentado na candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, partilhando o exemplo de um projeto.

“Desafiámos cidades e criadores a criarem esculturas para os centros históricos que, simultaneamente, possam também produzir energia. Vamos pensar em algo inovador que possa também ser exemplo. Temos vários projetos deste tipo. Um exemplo de como propomos projetos que possam contribuir para um melhor futuro”, disse Carlos Pinto de Sá.

Évora terá uma dotação financeira de 29 milhões de euros, dos quais 15 milhões de euros serão de financiamento nacional, 10 milhões de euros de fundos europeus, através do Programa Operacional do Alentejo, e quatro milhões de euros do Turismo de Portugal, sujeitos a candidatura, explicou hoje o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.

A candidatura a Capital Europeia da Cultura foi promovida pela Comissão Executiva Évora 2027, liderada pela Câmara de Évora.

Esta comissão executiva é ainda constituída pela Direção Regional de Cultura do Alentejo, UÉ, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, CCDR do Alentejo, Turismo do Alentejo — ERT, FEA e Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo — ARPTA.

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