Ballet Contemporâneo do Norte com programa para divulgar 24 artistas

Com curadoria e produção do próprio coletivo de dança, a iniciativa prolonga-se até domingo, é dedicada ao tema “Re=Iniciar” e reparte-se entre atividades gratuitas e pagas, levando performances, workshops, exposições, concertos, palestras e outras propostas ao Cineteatro António Lamoso, ao Imaginarius Centro de Criação, à sede do INATEL e a diferentes ruas do centro histórico da Feira, no distrito de Aveiro.

Susana Otero é a diretora artística do BCN e revela à Lusa que em causa está “um conjunto eclético de criadores, intérpretes, formadores e pensadores” que se disponibilizaram para “partilhar conhecimento técnico e teórico entre si, entre pares e com o público local”, numa reflexão transversal sobre a cultura e “várias problemáticas que afetam o mundo contemporâneo”.

“O que propomos é uma semana de encontros pluridisciplinares e inter-relacionais entre as várias tipologias de públicos e as práticas artísticas contemporâneas de natureza híbrida e experimental”, afirma a também bailarina e coreógrafa.

O encontro visa assim “confrontar a prática, a investigação, a educação, a curadoria e a edição artísticas com outras áreas paralelas à criação, convocando olhares de agentes do jornalismo e da crítica, mas também do pensamento científico, filosófico e antropossociológico”.

Essa “plataforma plural de contribuições que se interligam e complementam” deverá, por sua vez, refletir a postura “contracorrente” com que o BCN se quer distanciar da lógica de programação de um festival, por estar mais apostado “na imaginação e na experimentação de colaborações estratégicas”.

Para Susana Otero, mais importante, afinal, é criar “projetos duradouros de dinâmica participativa”, em que a “ética laboral e interpessoal” possibilite contextos de trabalho não-hierarquizados.

A diretora do BCN recorda, aliás, que o conceito operacional do Encontro de Artes Performativas tem a sua origem na convocatória “(RE=)Iniciação”, que a companhia lançou em 2020 para identificar criadores com obra pensada para exibição ‘online’.

“Agora, aos participantes de 2020 juntam-se outros artistas e colaboradores que pessoal e profissionalmente estão próximos do nosso trabalho. Os 24 criadores que convidámos são assim desafiados a questionar, rever, expandir e solidificar as temáticas, as práticas, as operações documentais e os formatos de investigação que fazem parte do seu universo criativo”, explica.

Susana Otero espera, com isso, voltar a potenciar conexões emocionais: “À distância de dois anos, queremos continuar a alimentar a poderosa fragilidade que nos uniu em abril e maio de 2020. O encontro é uma nova (RE=)Iniciação, que é também uma procura — sempre nova — de impulsos para melhor podermos e sabermos estar juntos”.

Entre artistas de Portugal, Argentina, Brasil e Itália, os artistas convidados para a edição de estreia do Encontro de Artes Performativas do BCN são Alina Ruiz Folini, Andresa Soares, Carminda Soares, Catarina Real, Colectivo Suspeito, Daniel Pizamiglio, Filipa Duarte, Henrique Fernandes, Joclécio Azevedo, Jonny Kadaver, Jorge Gonçalves, Júlio Cerdeira, Maria R. Soares, Mariana Barros, Mariana Tengner Barros, Marina Leonardo, Miguel Pereira, Miguel Refresco, Nelson d’Aires, Pedro Augusto, Rogério Nuno Costa, Tiago Rosário, Valentina Parravicini e Vinicius Massucato.

Entre as propostas do Encontro de Artes Performativas inclui-se, por exemplo, a instalação de vídeo “Férias Grandes”, em que o artista visual e docente de Comunicação Miguel Refresco apresenta “um diálogo construído entre a apropriação e assemblagem de inúmeras conversas de café e o contexto oscilante dos elementos naturais que o enformam”.

Já a conferência-espetáculo “A dança da minha história”, de Miguel Pereira, vai convidar “artistas da área da dança a pensarem e partilharem o seu percurso artístico no cruzamento com a História da Arte”, enquanto a caminhada-áudio “Light on Light”, de Carminda Soares, propõe aos participantes uma “corrida em grupo que começa dentro de um teatro e avança pela rua, acompanhada por uma peça áudio nos ‘headphones’ de cada espectador”.

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