Marcada para julho de 2020, a 11.ª edição da Bienal de Liverpool acabou por ser adiada devido à pandemia de covid-19, decorrendo até 06 de junho deste ano sob o tema “The Stomach and the Port” (“O Estômago e o Porto”, em tradução livre).
O programa será o originalmente concebido – mas respondendo ao novo contexto pandémico, com eventos ´online´ -, pela curadoria de Manuela Moscoso, e a lista de artistas, anunciada em novembro de 2019, inclui os portugueses André Romão e Pedro Neves Marques, e os brasileiros Sonia Gomes e Jorge Menna Barreto.
A organização salientou, na sua página oficial ‘online’, que os conceitos e práticas que esta edição explora assumem uma sensibilidade acrescida no contexto de uma pandemia e do movimento global ‘Black Lives Matter’.
“Abraçamos o desafio de continuar a desenvolver estas ideias num mundo em transformação, reconhecendo estas profundas mudanças sociais, e as respostas dos artistas a esta realidade alterada”, afirmam os organizadores.
Do mesmo modo, garantem que continuam a acompanhar as diretivas e os conselhos emanados das autoridades da saúde, para que esta edição decorra em segurança e com o devido cuidado e atenção às necessidades dos artistas, do pessoal e dos parceiros, assim como do público local, nacional e internacional.
A curadora da bienal, Manuela Moscoso, citada pela organização, sublinhou que o modo de estar no mundo e a forma como as pessoas se relacionam entre si estão a ser “dramaticamente” remodelados pelos efeitos da covid-19, ao mesmo tempo que o mundo “é marcado” pelo movimento ‘Black Lives Matter’, um apelo à justiça social e uma exigência de ação antirracista.
Moscoso apontou ainda, quando do anúncio do programa, que os artistas e pensadores que colaboram na 11.ª edição da Bienal de Liverpool “questionam empenhadamente as rígidas categorias definidas e perpetuadas pelo capitalismo colonial através das suas práticas”.
Para esta edição, artistas de todo o mundo foram convidados a apresentar trabalhos inspirados no tema “The Stomach and the Port”, dentro do contexto de Liverpool, numa perspetiva de olhar para o corpo e para formas de conectar com o mundo.
André Romão, que vive e trabalha em Lisboa, tem vindo a desenvolver o seu trabalho nas fronteiras da interação entre o humano, o cultural, o animal e o artificial, ancorado na poesia e usando diversos suportes artísticos.
Entre as suas mais recentes exposições estão “Fauna”, mostra individual com curadoria de Pedro Lapa, que esteve patente no Museu Berardo, em Lisboa, durante a primavera de 2019, e “Flora”, que levou ao Museu da Imagem, em Braga, no âmbito da BoCA, Bienal de Arte Contemporânea.
Pedro Neves Marques, que teve a curta-metragem “A Mordida” nomeada para os prémios da Academia Europeia do Cinema 2020, depois da distinção no festival de ‘curtas’ Go Short, dos Países Baixos, vive e trabalha em Nova Iorque, nos Estados Unidos, como artista visual, realizador e escritor.
Recentemente, Neves Marques escreveu o ensaio “Contaminação por capital: Violência contra a terra, violência contra os nossos corpos”, para a revista Revista Punkto, “projeto indisciplinar e indisciplinado”, do Porto.
Larry Achiampong, Erick Beltrán, Diego Bianchi, Alice Channer, Judy Chicago, Ithell Colquhuon, Christopher Cozier, Yael Davids, Ines Doujak & John Barker, Jadé Fadojutimi, Jes Fan, Lamin Fofana, Ebony G. Patterson, Ane Graff, Ayesha Hameed, Camille Henrot, Nicholas Hlobo, Laura Huertas Millán, Sohrab Hura e Evan Ifekoya são alguns dos artistas que também foram convidados a participar nesta edição da bienal.
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