Bienal de Veneza de Arquitetura recebeu 300 mil visitantes

Os números da 17.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza foram contabilizados desde 22 de maio, data da inauguração ao público, até ao último fim de semana de 13 e 14 de novembro, seis dias antes do fim deste evento com a participação de 63 pavilhões nacionais, entre os quais o de Portugal, com o projeto “In Conflict”, do coletivo depA, do Porto.

“Estes números provam o grande interesse pela edição deste ano, cujo conteúdo foi pensado pelo curador-geral, Hashim Sarkis, e revelam a grande estima pela Bienal por parte do público italiano e internacional”, avalia a organização, num comunicado hoje divulgado.

Para a última semana do evento dedicado à arquitetura contemporânea, a Bienal de Veneza vai apresentar encontros e conversas no Teatro Piccolo Arsenale, e no Pavilhão Central dos Giardini, duas das áreas principais do certame.

O último encontro, marcado para sábado, contará com a presença do presidente da Bienal de Veneza, Roberto Cicutto, e com Hashim Sarkis, que farão uma revisão da presente edição, antes do encerramento, no domingo, e estarão ainda em foco debates centrados em temas relacionados com a educação para lidar com crises e os desafios para um futuro em mudança constante, que contarão com a participação do arquiteto Alejandro Aravena.

Intitulado “Wetland”, o pavilhão dos Emirados Árabes Unidos, com curadoria de Wael Al Awar e Kenichi Teramoto, conquistou nesta edição o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza para as representações nacionais.

Nesta edição da bienal, a pergunta lançada aos participantes e ao público pelo curador-geral foi “Como vamos viver juntos?”, numa reflexão a cinco escalas: o corpo humano, o agregado familiar, as comunidades, territorial e o planeta.

O Pavilhão dos Emirados Árabes Unidos venceu com uma estrutura em larga escala, resultado de um protótipo de um novo tipo de cimento, composto por lixo industrial reciclado, criado propositadamente para reduzir o impacto negativo da indústria mundial da construção.

A arquiteta japonesa Kazuyo Sejima, Prémio Pritzker de 2010, que presidiu ao júri internacional da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021, sublinhou a “experimentação corajosa” do projeto vencedor deste ano, e destacou: “Encoraja-nos a pensar na relação entre o lixo e a produção nas escalas locais e globais, e abre novas possibilidades entre o artesanal e a alta tecnologia”.

Foram ainda entregues duas menções especiais às participações nacionais da Rússia, com o projeto “Open!”, de reabilitação de um edifício histórico, com curadoria de Ippolito Pestellini Laparelli, e do pavilhão das Filipinas, com o projeto comunitário “Structures of Mutual Support”, com curadoria e participação de Framework Collaborative.

À pergunta do curador da bienal – “Como vamos viver juntos?” -, a representação portuguesa respondeu com o projeto “In Conflict”, do coletivo de arquitetos depA, do Porto, com uma exposição e vários debates sobre a relação entre a arquitetura portuguesa e as questões de habitação, desde a Revolução de Abril de 1974 até à atualidade.

O espaço oficial de Portugal está novamente, este ano, no Palazzo Giustinian Lolin, que é a sede da Fundação Ugo e Olga Levi, ocupando dois pisos do edifício, um dos quais para os debates e o outro para a exposição, com sete núcleos dedicados a outros tantos processos e casos de arquitetura de habitação em Portugal.

Nesses sete núcleos estão a ser revisitados, por exemplo, os projetos habitacionais das torres do bairro do Aleixo (Porto), o conjunto habitacional Cinco Dedos em Chelas (Lisboa), o plano de pormenor da Aldeia de Luz, no Alentejo, e a reconstrução de casas destruídas pelos incêndios de 2017 (Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra e Pedrógão Grande).

Do mundo lusófono, a dupla de arquitetos portugueses Manuel e Francisco Aires Mateus e a arquiteta angolana Paula Nascimento – uma das criadoras do projeto do Pavilhão de Angola da Bienal de Arte de Veneza 2013, vencedor do Leão de Ouro – estão a apresentar projetos na exposição coletiva da Bienal de Arquitetura de Veneza, a convite do curador geral.

Estas participações — à parte das 63 nacionais – fazem parte de uma exposição internacional coletiva com 114 participantes de 46 países, dividida em seis núcleos, dispersa por várias zonas de Veneza.

O Leão de Ouro deste ano para a melhor participação na exposição internacional foi atribuído a “Raumlaborberlin”, de Berlim, na Alemanha, resultado de um projeto de um coletivo de arquitetos alemães, suíços e italianos, designado por Instances of Urban Practice e composto por Andrea Hofmann, Axel Timm, Benjamin Foerster-Baldenius, Christof Mayer, Florian Stirnemann, Francesco Apuzzo, Frauke Gerstenberg, Jan Liesegang e Markus Bader.

O Leão de Prata para o melhor talento emergente na exposição internacional foi para a Foundation for Achieving Seamless Territory (FAST), entidade resultante de uma iniciativa dos Países Baixos e dos Estados Unidos, com o projeto “Watermelons, Sardines, Crabs, Sands, and Sediments: Border Ecologies and the Gaza Strip”, resultado de uma pesquisa na Faixa de Gaza, com o contributo do engenheiro palestiniano Amir Qudaih e da sua família.

Também foi entregue uma menção especial ao Cave_bureau, de Nairobi, Quénia, pelo projeto “The Anthropocene Museum: Exhibit 3.0 Obsidian Rain”, criado por Kabage Karanja, e Stella Mutegi, com a colaboração de Densu Moseti.

Nesta edição, foi homenageada, por iniciativa do curador-geral Hashim Sarkis, a arquiteta e designer italiana Lina Bo Bardi (1914-1992), que viveu no Brasil, onde se naturalizou, e criou uma fundação com o seu nome, que nesta edição, a título póstumo, recebeu um Leão de Ouro especial.

O júri deste ano foi ainda composto por Sandra Barclay (Peru), Lamia Joreige (Líbano), Lesley Lokko (Ghana-Escócia) e Luca Molinari (Itália).

A Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 decorre até 21 de novembro, essencialmente nas zonas dos Giardini, no Arsenale e no Forte Marghera, em Veneza.

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