O músico e intérprete Carlos Costa (1940-2021), fundador do Trio Odemira e referência da música popular portuguesa, morreu no domingo, aos 80 anos, anunciou o grupo musical na quartra-feira.
A ministra da Cultura recordou hoje que Carlos Costa, que somou mais de 60 anos de carreira musical, era “presença regular em festas populares por todo o país e junto das comunidades migrantes”, tendo tido um “papel fundamental na preservação e divulgação do património musical português, mas, igualmente, do património musical popular”.
“A sua participação regular na televisão tornou o Trio Odemira um dos grupos mais reconhecidos no meio da canção popular portuguesa e mais acarinhados por diversas gerações do público português”, considerou.
Para Graça Fonseca, “Carlos Costa é um exemplo de dedicação à arte, ao público e àqueles que, ao longo dos anos, foram seguindo o seu percurso abrangente e multifacetado“.
“Nos muitos palcos e lugares em que cantou, nas muitas músicas que compôs ou em que trabalhou, Carlos Costa deixa uma marca significativa na história da música portuguesa e foi, ele próprio, parte ativa na construção dessa história e no conhecimento que hoje dela temos graças ao seu talento, à sua perseverança e à sua alegria”, acrescentou a governante.
Carlos Costa foi membro fundador do conjunto Dois Odemira, com o irmão Júlio Costa, tendo participado no programa de rádio de Igrejas Caeiro no antigo Rádio Clube Português, “Os Companheiros da Alegria”.
Mais tarde, com a entrada de José Ribeiro, fundaram o Trio Odemira, pioneiros na gravação de temas da música popular alentejana, mas com um repertório diverso, da canção popular portuguesa ou de países de língua portuguesa, às músicas populares cantadas em castelhano, nomeadamente boleros e rancheiras.
O Trio Odemira contava mais de 60 anos de carreira, formou-se em 1958, e protagonizou êxitos como “Ana Maria” e “Anel de Noivado”, tendo sido o primeiro a gravar em disco temas populares alentejanos, à exceção dos grupos corais, segundo a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX, que dá como exemplo o ‘single’ “Rio Mira”, de 1958.
Esta enciclopédia indica que o repertório do trio inclui várias canções espanholas e sul-americanas, algumas gravadas em português, temas tradicionais da Beira Baixa e do Alentejo, e versões de canções gravadas por Tony de Matos (1924-1989), Amália Rodrigues (1920-1999) e Max (1918-1980).
O grupo, segundo a mesma fonte, detém recordes de vendas como um Disco de Platina (mais de 140 mil exemplares) e seis Discos de Ouro (mais de 40 mil exemplares, cada).
Em 2019, o trio atuou, celebrando os 60 anos de carreira, no Centro de Artes e Espetáculos da Figueira da Foz, entre outros palcos e, em setembro de 2016, foi distinguido com Prémio de Mérito e Excelência Cidade de Moura, na área da Música.
Alem de Carlos Costa, que residia na aldeia dos Capuchos, no concelho de Almada, no distrito de Setúbal, constituíam o trio os seus irmãos Júlio Costa e Mingo Rangel.