Casas de Fado lamentam perda de "uma das grandes figuras do fado"

 

Carlos do Carmo foi “capaz de acrescentar sem desvirtuar, deu ao fado dimensão e dignidade”, lê-se numa nota de pesar enviada à agência Lusa.

A associação recorda que o fadista “esteve à frente dos destinos da casa de fados ‘O Faia‘”, no Bairro Alto, em Lisboa, à qual esteve ligado desde a década de 1960 até à de 1980, “deixando também aí a sua marca, de tal modo que, até aos dias de hoje, ainda eram habituais os contactos de clientes perguntando por ele”.

Carlos do Carmo “é uma figura maior do fado e da cultura do nosso país”, remata a associação.

A casa de fados ‘O Faia‘, no Bairro Alto, em Lisboa, fundada pelos pais de Carlos do Carmo, em 1947, na sua página na rede social “Facebook“, escreveu que “2021 amanheceu sem charme, triste e mais pobre”, numa referência à morte hoje do fadista Carlos do Carmo aos 81 anos.

“Carlos do Carmo deixa-nos a sua marca em tanto que fez no fado e fora do fado”, acrescenta.

“N’ O Faia, continuaremos, como sempre, gratos pelo legado, pelos alicerces que deixou, pelo respeito do que é a essência de uma casa de fados”.

Afirmando que “esta era a notícia que não queríamos no começo do novo ano”, O Faia despede-se do fadista da seguinte forma: “Até sempre Charmoso“, numa referência ao termo como Carlos do Carmo era muitas vezes carinhosamente referido no meio fadista.

A Parreinha de Alfama, por seu turno, afirma que Carlos do Carmo era um “fadista de alma inteira”, e uma “determinante figura na renovação do fado”.

“Arriscou e inovou. O fado ganhou tamanho e novas referências sem nunca perder a matriz”, lê-se no comunicado da casa de fados dirigida a partir de 1952 pela fadista Argentina Santos (1926-2019), a quem Carlos do Carmo se referia como: “a minha menina”.

“Frequentador assíduo da Parreirinha, foi amigo pessoal de Argentina Santos”, assinala.

“O fado perdeu uma importante e fundamental referência”, remata a Parreinha de Alfama, atualmente dirigida pelos músicos Bruno Costa e Paulo Valentim.

O Clube de Fado, também no bairro lisboeta de Alfama, na sua página no “Facebook” em forma de homenagem colocou uma fotografia do fadista acompanhada do o poema ‘Um Homem na Cidade’, de José Carlos Ary dos Santos, que José Luís Tinoco musicou para a voz de Carlos do Carmo.

Carlos do Carmo morreu hoje, no Hospital de Santa Maria, aos 81 anos.

Nascido em Lisboa, em 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, em Lisboa, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.

Vencedor do Grammy Latino de Carreira, que recebeu em 2014, o seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, do ‘Canecão‘, no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

Despediu-se dos palcos no passado dia 09 de novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

‘No Teu Poema’, ‘Um Homem na Cidade’, ‘Flor de Verde Pinho’,’Os Putos’, ‘Canoas do Tejo’, ‘Lisboa, Menina e Moça’, ‘Bairro Alto’, ‘Por Morrer uma Andorinha’, ‘Fado do Campo Grande’ ou ‘Fado da Saudade’, interpretado no filme ‘Fados’ e que lhe valeu um Prémio Goya, em Espanha, foram alguns dos seus êxitos.

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