Castro Verde cria observatório para "avaliar estado" do cante alentejano

Os dois projetos, já em execução, são uma iniciativa da Câmara de Castro Verde e vão abranger todos os grupos corais “espalhados pelo mundo”, revelou hoje à agência Lusa coordenador de ambas as iniciativas, José Francisco Colaço Guerreiro.

“Já lá vão seis anos desde que aconteceu a classificação do cante” pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) “e não está feito, nem está a ser aplicado, um plano de salvaguarda. Nós vamos dar o nosso contributo”, disse.

O cante alentejano, canto coletivo sem instrumentos, foi classificado, a 27 de novembro de 2014, como Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO.

O Observatório do Cante Alentejano em Castro Verde vai funcionar como um “gabinete de recolha, tratamento e análise estatística dos dados anualmente obtidos junto dos grupos corais”, explicou o coordenador.

O objetivo é que se “se possa fazer, de forma sistemática, uma avaliação do estado atual e da evolução do movimento coral”, segundo Colaço Guerreiro, que sublinhou que a pandemia de covid-19 veio agravar a situação, “que já era de grande debilidade”, do cante alentejano.

De momento, notou, não se sabe “quantos grupos estão a cantar, quantos elementos têm, qual a sua média etária, quantas crianças, mulheres e homens cantam, ou quantos grupos mistos e infantis existem”.

“Esse levantamento não está feito e o observatório irá proceder à recolha, tratamento, análise estatística dos dados obtidos junto dos próprios grupos corais”, num trabalho que terá periodicidade anual, explicou.

Já Centro de Documentação do Cante Alentejano visa “preservar a memória e a salvaguarda do movimento coral e do cancioneiro tradicional”.

Para tal, “será constituída uma base de dados referente ao universo dos grupos corais, organizada por concelhos, com os respetivos historiais, contactos, imagens e registos sonoros”, anunciou Colaço Guerreiro.

“Por outro lado, teremos uma outra base de dados com as modas do cancioneiro, onde queremos juntar o maior número possível de registos audiovisuais das modas que existem no cancioneiro do Alentejo, tornando-as disponíveis para quem quiser consultar”, acrescentou.

Ainda no âmbito do Centro de Documentação do Cante Alentejano serão também “efetuados e adquiridos trabalhos escritos e audiovisuais sobre o cante”, que ficarão disponíveis para consulta pública na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, em Castro Verde, que passará a ter um fundo documental próprio sobre o assunto.

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