Centro de Fotografia assinala 120 anos da Casa Alvão no Porto

A Casa Fotografia Alvão foi fundada em 1901, tendo sido inaugurada em 02 de janeiro de 1902, na Rua de Santa Catarina, na cidade do Porto, do fotógrafo Domingos Alvão.

Atualmente encerrada devido à pandemia de covid-19, na casa concilia-se fotografia, no 1.º andar, e produtos gastronómicos, sendo um espaço muito frequentado por turistas.

O espólio da Casa Alvão foi adquirido pelo então Instituto Português do Património Cultural (IPPC), a Arnaldo Soares, em 1982, após dois anos de negociações, que deram origem, em 1981, à abertura do processo de classificação.

O espólio ficou temporariamente depositado no Museu Nacional de Soares dos Reis, para posterior tratamento e instalação em lugar adequado à sua conservação, estudo e divulgação.

Em 2001, a documentação é totalmente transferida para a sede definitiva do CPF, no edifício da antiga Cadeia da Relação, no Campo dos Mártires da Pátria, no Porto.

A documentação deste fundo compreende as imagens relativas a levantamentos da área vinhateira do Douro, fábricas, hidroelétricas, barragens, hospitais, bairros económicos, exposições, inaugurações, congressos, personalidades, paisagens, usos e costumes, regiões, localidades portuguesas, monumentos, urbanismo, transportes terrestres, retratos de estúdio e de grupo.

Segundo a biografia disponível no CPF, Domingos do Espírito Santo Alvão, que nasceu na freguesia da Lapa, no Porto, em 1869, e morreu na mesma cidade, em 1946, atravessou três períodos políticos — a Monarquia, a República e o Estado Novo.

Iniciou a sua carreira como aprendiz na Casa Biel, tida como o mais importante estabelecimento do ramo no país, e, depois de um breve estágio em Madrid, torna-se operador-gerente do também conhecido estabelecimento de Leopoldo Cirne — o Foto Velo Clube –, na Rua de Santa Catarina n.º 120.

Alvão funda no estabelecimento do Foto Velo Clube, a sua própria casa fotográfica — a Fotografia Alvão. Em 1907, participa nos concursos de Leipzig e Turim, com fotografias sobre paisagens e costumes do Minho e Douro Litoral. Foi com este tipo de fotografias que ganhou projeção e uma série de prémios nacionais e internacionais.

A Fotografia Alvão teve dois grandes mestres-fotógrafos, Domingos Alvão e Álvaro Cardoso Azevedo.

Em 1914, Domingos Alvão entregou a Álvaro Azevedo a gerência e, em 1921, deu-lhe o direito de interessado na Fotografia Alvão.

No final de 1924, com 55 anos, Domingos Alvão fez o registo notarial da alteração da firma e passou a chamar-se Casa Alvão e Companhia, em sociedade com o seu discípulo e companheiro de trabalho desde 1906, Álvaro Cardoso de Azevedo.

Em 1937, Álvaro Cardoso Azevedo torna-se o único proprietário, mantendo a sua propriedade até 1967, como Alvão & Cª, Sucessor. Nos últimos anos, dada a sua avançada idade e doença, Álvaro Azevedo dá sociedade a um funcionário, passando a empresa a chamar-se Fotografia Alvão – Azevedo & Fernandes, Lda, tendo sido vendida nos finais do anos 60, logo após a sua morte em 1969.

O aniversário da Casa Alvão foi assinalado em janeiro, mas o CPF tem agendado um conjunto de eventos para todo o ano, embora o seu calendário esteja dependente das restrições decorrentes da pandemia de covid-19.

De acordo com informação disponibilizada à Lusa, será divulgada ‘online’, nas páginas do CPF no Facebook, Instagram e Twitter, uma publicação mensal alusiva a esta casa fotográfica.

Programada para abrir a 19 de agosto (Dia Mundial da Fotografia) está uma exposição com imagens do Fundo Fotografia Alvão, com exibição de equipamentos do mesmo fundo.

Estão também agendadas palestras, uma com o título “Retratos Perfeitíssimos, o retoque na Fotografia Alvão“, que poderá, de acordo com as circunstâncias, ser presencial ou ‘online’, em setembro, e uma outra sobre Salonismo em data a determinar (prevista entre maio e julho de 2021).

Para 09 de outubro, está previsto um percurso guiado temático sobre a Casa Alvão.

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