Chloé Zhao faz história e garante que "é fabuloso ser mulher em 2021"

“Sou extremamente afortunada por poder fazer o que gosto”, afirmou Chloé Zhao, nos bastidores da cerimónia de entrega dos Óscares, que decorreu esta madrugada em Los Angeles. “Se esta vitória ajudar mais pessoas como eu a viverem os seus sonhos, sou muito agradecida por isto”.

“Nomadland – Sobreviver na América” foi o grande vencedor da noite, ao levar para casa as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Atriz, Frances McDormand.

“Um dos momentos mais felizes para mim esta noite foi quando a Frances ganhou”, contou Chloé Zhao aos jornalistas. “As pessoas podem não saber tudo o que ela fez, como produtora e como atriz, quão aberta e vulnerável foi e quanto me ajudou a fazer este filme”, afirmou. “E como ajudou os nómadas a sentirem-se confortáveis nas gravações. Ela é ‘Nomadland’”.

O filme conta a história de uma mulher (Fern, interpretada por McDormand) que viaja pela América como nómada, vivendo numa caravana, trabalhando em empregos temporários e sobrevivendo na estrada, na sequência da crise económica de 2008.

A história baseia-se num livro de não ficção e o filme, que contou com nómadas da vida real, provocou uma alteração de perspetivas para a própria Chloé Zhao.

“Há muitas coisas que mudaram para mim. Penso que preciso de menos coisas para viver, sem dúvida”, afirmou. “Podia ter apenas algumas coisas”.

A realizadora, questionada várias vezes sobre a importância de ser a primeira asiática a vencer este Óscar e apenas a segunda mulher, depois de Kathryn Bigelow, não quis encaixar-se num formato específico.

“Para os realizadores asiáticos, para todos os realizadores, temos de ser fiéis a quem somos e contar as histórias a que nos sentimos ligados”, disse. “Não devemos sentir que só há um certo tipo de histórias que temos para contar”.

Zhao também fez menção à confiança que lhe foi incutida desde criança e que lhe permitiu sonhar alto.

“Tive a sorte de ter pais que sempre me disseram que quem eu sou é suficiente, e eu sou a minha arte”, disse. “Tento sempre manter-me fiel a mim mesma e rodear-me de pessoas talentosas e que me apoiam”.

O produtor Peter Spears, que partilhou o Óscar de Melhor Filme com Zhao, Frances McDormand, Mollye Asher e Dan Janvey, falou de como a pandemia alterou o curso deste projeto.

“A possibilidade de terminar este filme no meio da pandemia e depois estreá-lo na pandemia foi um esforço hercúleo e algo que nunca pensámos que íamos ter de fazer”, afirmou Spears nas entrevistas de bastidores.

“Nesse processo, parece que o momento era o certo e a história que contámos tocou as pessoas – uma história sobre comunidade e a nossa humanidade partilhada”, considerou. “Teve um significado mais profundo do que se tivesse saído antes”.

“Nomadland – Sobreviver na América”, da Searchlight, venceu o Óscar de Melhor Filme contra “Mank”, “O Pai”, “Minari”, “Judas and the Black Messiah”, “Uma miúda com potencial”, “Sound of Metal” e “Os 7 de Chicago”.

Chloé Zhao levou a estatueta de Melhor Realização superando David Fincher por “Mank”, Lee Isaac Chung por “Minari”, Emerald Fennell por “Uma miúda com potencial”, e Thomas Vinterberg por “Mais uma rodada”.

A 93.ª cerimónia dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decorreu entre a estação de comboios Union Station, na baixa de Los Angeles, e o Dolby Theatre, em Hollywood, com restrições devido à pandemia de covid-19.

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