Coimbra Capital Europeia da Cultura 2027 é um fator transformador

 

“Coimbra precisa deste desafio, desta união, desta congregação de esforços e de participações de toda a região para nos transformarmos para o futuro e nos voltarmos a afirmar como a cidade que queremos e que tem todo o potencial para o ser”, referiu o autarca aos jornalistas, no final da apresentação no livro de candidatura (‘bid book’), no Convento São Francisco.

A cidade “tem de ficar diferente independentemente de vencer ou não a candidatura”, frisou José Manuel Silva, salientando que o “conjunto de desafios transformadores plasmados no ‘bid book’ pode trazer uma Coimbra nova, não só em termos de atividade cultural, mas também de transformação da relação da cidade com o rio [Mondego], com a colina da Rua da Sofia, com o polo zero da Universidade, com os seus monumentos, com a penitenciária e com o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova”.

“Há aqui todo um potencial de tertúlia, de cultura, de transformação, de requalificação do património, de revivificação da cidade, de transformação em termos de Coimbra ser um motor de desenvolvimento de toda esta região Centro, que efetivamente pode deixar uma Coimbra completamente diferente se vencer”, sublinhou.

A cerimónia de apresentação da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, que durou mais de duas horas, foi transmitida ‘online’ para São Paulo (Brasil), Dubai, Bruxelas (Bélgica), Esch (Luxemburgo) ou Cidade da Praia (Cabo Verde), onde elementos da equipa de candidatura estiveram em direto com entrevistas a personalidades ligadas à cultura.

Para o mágico Luís de Matos, que liderou a equipa, “este momento culmina três anos e meio de trabalho do grupo, de reflexão, de audição e de partilha, com um enorme entusiasmo por parte de todas as forças vivas da cidade, dos cidadãos, da região e de todas as pessoas que se juntaram a nós”.

“Não sonhamos ainda com a abertura [de Coimbra Capital Europeia da Cultura] porque não vemos esta candidatura como uma agenda de programação de 12 meses. Não é de todo isso, é um projeto transformador que já começou, que já deu frutos, e que já não será igual ao que era antes deste movimento”, sustentou, considerando que “há ganhos muito concretos que já são consequência do próprio processo”.

O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Região de Coimbra, Emílio Torrão, considerou o projeto “visionário, porque, efetivamente, a cultura é como o rio que nos une: pode trazer uma identidade muito importantes a esta região e afirmar aquela área metropolitana como uma grande capital, na singularidade de cada um dos municípios”.

“Disse que esta candidatura só sairia vitoriosa se conseguisse congregar toda a região e sei que isso está a ser feito”, disse o dirigente e presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, salientando que a região precisa de “uma Coimbra forte e a cultura está a unir os fatores peculiares que cada município tem”.

Sob o lema “Correntes de Mudança”, a candidatura divide-se em cinco eixos: “A Invenção de um rio” (a centralidade do rio no desenho da cidade); “O cheiro do café” (o espírito do encontro, das ideias e da dialética); “Partículas elementares” (os vários patrimónios materiais e imateriais), “Intermitências da Luz” (artes, inovação e criatividade); “Corpos em movimento” (projeção de Coimbra na Europa e no mundo).

Segundo o documento a que a agência Lusa teve acesso, no campo das “Intermitências da Luz”, o grupo de trabalho coordenado pelo mágico Luís de Matos aponta como uma das ações fixar em Coimbra, a partir de 2023, uma companhia profissional de dança.

A produção de uma “ópera-rock” multilingue a partir de Inês de Castro com uma equipa “multidisciplinar sobre violência contra as mulheres”, um festival internacional de música antiga, ou outro que tenha como ponto de partida a guitarra portuguesa e a ponha a dialogar com instrumentos e géneros de outras cidades e regiões europeias são outras das propostas do grupo.

No livro da candidatura, o grupo de trabalho prevê vários investimentos em infraestruturas “culturais” até 2027, onde é incluído o Mondego Arena (custo de 28 milhões de euros), Centro Municipal de Arte Contemporânea (16 milhões de euros), Polo europeu do Museu da Língua Portuguesa (seis milhões), Centro de Interpretação da História de Coimbra (três milhões) ou refuncionalização da prisão (15 milhões).

Segundo o documento, desde 2018, foram gastos 2,6 milhões de euros na preparação da candidatura, estando previsto que o município aloque cerca de 18 milhões de euros, entre 2022 e 2027 (incluindo o ano da Capital Europeia da Cultura).

Ao todo, o grupo prevê um investimento de 60 milhões de euros na CEC 2027, incluindo o apoio do Governo e dos vários municípios que constituem a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.

A candidatura propõe ainda que o evento consiga ser carbono zero no conjunto do seu programa.

Leia Também: Coimbra quer criar companhia de dança e uma bienal de artes performativas

Deixe um comentário