A peça terá exibições todos os dias às 21:30, até dia 28, através da plataforma da página da bilheteira ‘online’ (BOL), com um custo de três euros e sem limite de lotação para cada espetáculo.
“O trabalho dos atores estava feito e não sabemos quanto tempo teremos ainda mais pela frente e evidentemente não vamos esperar, porque temos outros compromissos, vamos estrear ‘online'”, revelou à Lusa do diretor artístico da ACTA, Luís Vicente.
O responsável da companhia adiantou que à mesma hora que os espectadores assistem ao espetáculo a companhia “coloca a peça em palco”, no que servirá de “ensaios gerais” já que no final do confinamento a companhia vai levar a obra a Espanha.
A imprevisibilidade de problemas que possam surgir na transmissão pela Internet, nomeadamente “quebras na ligação” e consequente “interrupção na emissão”, levou a companhia a optar não fazer o espetáculo em direto, mas apresentar antes uma gravação.
O também encenador revelou a esperança de que, após as apresentações em Espanha, haja oportunidade para “repor a peça ao vivo”.
“A noite de Molly Bloom” é uma adaptação a partir do XVIII capítulo de “Ulisses”, de James Joyce, no qual Molly Bloom – esposa do protagonista da obra -, interpretada por Glória Fernandes, desvenda facetas da personalidade do marido e da sua própria num “um grande monólogo” ao longo de numa noite de insónia, num discurso “difícil de trabalhar e decorar”, que é também “incoerente”, rapidamente saltando “de uns assuntos para os outros”, revelou Luis Vicente.
Este é o primeiro espetáculo do programa do Teatro Lethes/ACTA em 2021, ao qual se segue uma nova peça do VATE/Serviço Educativo, a estrear a 27 de março, dedicada aos heterónimos de Fernando Pessoa e a apresentar ao público escolar.
As restrições impostas pela pandemia levam a equacionar duas possibilidades: uma apresentação nas escolas, mas num local mais espaçoso — o que não é possível no habitual autocarro, ou, em alternativa, num formato ‘online’.
Para 03 de julho está prevista a estreia do terceiro espetáculo do ano, uma coprodução com a Companhia de Teatro de Almada centrada na guerra colonial portuguesa, a apresentar no âmbito do festival de teatro daquela cidade.
O resto do programa do Teatro Lethes — cerca de 14 espetáculos – está em “fase de recalendarização”, que Luís Vicente espera que possa acontecer “ainda durante o ano de 2021”
“Vamos ver se conseguimos programar tudo ainda durante este ano”, sublinhou.
O ator e encenador revelou ainda acreditar que se está a “chegar ao fim de uma época” e a criar “um novo paradigma”, com o “experimentar de novas possibilidade”, dando o exemplo da “maratona” que foi o espetáculo “A vida vai engolir-vos”, de Tónan Quito, que convidou os espectadores a assistirem a uma peça que ia das 19:00 às 06:00 do dia seguinte.
Luís Vicente dá como exemplo a sua experiência com a ACTA, com espetáculos às 19:00, nos quais ficou “surpreendido com a adesão do público a estes horários em dias de semana”.
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