Concatedral de Miranda Douro revela as suas "meias belas" peças de arte

 

A mostra reúne a parte mais significativa do espólio da antiga Sé Catedral de Miranda do Douro, incluindo o conjunto pictórico conhecido por “Calendário da Sé”, de representação dos meses e das suas estações, pintado pelo mestre flamengo Pieter Balten (1527-1584).

“Passados cerca de 240 anos, da transferência da sede da diocese para a cidade de Bragança, a qual ocorreu no último quartel do século XVIII, esta é a primeira vez que um conjunto de obras tão relevante é colocada à fruição do público”, indicou a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), presidida por António Ponte.

A exposição, além de cumprir “o objetivo de salvaguarda, conservação e valorização do património”, pretende afirmar “a relevância, a vitalidade e o potencial cultural do que foi a Diocese de Miranda”, ao mesmo tempo que testemunha a urbanidade e mundividência dos prelados que ocuparam o trono episcopal mirandês, “assim como o investimento que foi realizado para que este templo fosse, de facto, brilhantíssimo em termos artísticos e arquitetónicos“.

Estas obras de arte, “de apreciável valor cultural”, como destaca a DRCN, abrem agora espaço à consolidação e integração do acesso ao património artístico e religioso da “Terra de Miranda”, e àquilo que foi, e é, parte da sua herança sociocultural, que se destacou a partir da criação da Diocese em meados do século XVI.

Ao mesmo tempo atesta, também, a importância estratégica e económica desta Diocese, no contexto da fronteira nordestina.

Quanto ao calendário flamengo de Pieter Balten, regressa agora Núcleo Expositivo da Concatedral de Miranda do Douro, depois da itinerância que cumpriu por instituições de Portugal e Espanha, nomeadamente a Biblioteca Municipal de Ourense, na Galiza, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e o Museu de Lamego, ao longo da qual mobilizou mais de 60 mil visitantes.

“Cumpre-se, assim, o objetivo de valorizar o Património artístico mirandês, pondo a tónica na investigação, na conservação e na divulgação, fazendo com que o ‘Calendário de Miranda’ esteja acessível à visita de todos”, escreve a DRCN, no comunicado.

Os “Retratos dos Meses” da Concatedral de Miranda do Douro, conjunto de doze “quadrinhos” vulgarmente chamado “Calendário”, constituem exemplo raríssimo de uma iconografia praticamente ausente no património artístico nacional, conforme destacou a investigação histórica feita sobre a obra.

Os quadros foram pintados em Antuérpia, cerca de 1580, na oficina do mestre Pieter Balten (1527-1584), amigo e parceiro do célebre Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569).

O espaço, que atualmente aloja a exposição, encontra-se instalado numa das antigas sacristias da Sé, que foi intervencionado e remodelado pela DRCN, no âmbito da Operação “Rota das Catedrais no Norte” de Portugal, cofinanciada pelo Programa Operacional Norte 2020.

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