Contradições e narrativas da Humanidade em exposição no Museu do Chiado

Trata-se da primeira exposição realizada pelos alunos do segundo ano do mestrado em Estudos Curatoriais do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, apresentada em novembro de 2021, no quadro da Anozero – Bienal de Arte Contemporânea da cidade, resultado de um convite dos curadores.

Reunindo obras de nove artistas, resultado de uma colaboração inédita da bienal com a plataforma UmbigoLAB e incorporando o arquivo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), a mostra reúne documentos fílmicos e obra gráfica.

O título da exposição “convoca uma narrativa circular e uma sonoridade concêntrica para lembrar que a realidade é uma parede que se desmorona quando [se retira] um dos seus tijolos fictícios, que a noite oculta, mas também revela, que a forma é sempre conteúdo, e que não há corpo sem espírito que o habite”, indica um texto divulgado pelo museu sobre a iniciativa.

Refletindo sobre conceitos construídos a partir da história do paleolítico até à atualidade, a mostra “desafia o espectador a compreender as constantes contradições da humanidade e procurando criar um conflito surpreendente repensando conceitos atuais como o signo e símbolo, sono e vigília, crença e tautologia, realidade e ficção, radiante e melancólico, narrativas lineares e circulares”.

“No sonho do homem que sonhava, o sonhado acordou” convida o público a refletir “em torno dos círculos viciosos do pensamento, ao mesmo tempo que convoca a noite, que oculta e revela “, partindo de trabalhos de Alberto Carneiro (do arquivo CAPC), que se cruzam com obras de Bárbara Bulhão, Clara Imbert, Héctor Zamora, Marilá Dardot, Margarida Alves, Pedro Pedrosa da Fonseca, Rita Gaspar Vieira e Zé Ardisson.

Nesta exposição, segundo a curadoria, “o círculo ganha ainda mais o sentido de ciclo interminável de criação, tal como nas `Ruínas Circulares´ (2013) do escritor Jorge Luís Borges, onde existe a vontade de ´sonhar um homem, e impô-lo à realidade´”.

Os artistas colocam o espectador numa situação limite, confrontando-o com “questões como o tempo e o olhar, à luz da ideia de opostos filosóficos e de círculos viciosos do pensamento”, acrescenta.

“Partindo da temática da noite, esta exposição reveza-se entre ausência e reflexão de luz, em alusão aos astros que desde sempre nos acompanham — o sol e a lua — primeiros ditadores do tempo, despertadores da humanidade. Ao longo do espaço, repete-se a forma do círculo, signo da unidade capital e do céu, da eternidade e do divino”, descreve ainda o museu sobre as obras dos jovens artistas.

A exposição ficará patente até 27 de março deste ano no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.

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