Correntes d’Escritas reúne 98 autores e solta-se de ‘amarras’ da pandemia

Para esta 24.ª edição, que acontece entre 14 e 18 de fevereiro, está confirmada a presença de 98 autores de expressão ibérica, de 15 diferentes nacionalidades, que se vão reunir, sobretudo, no Cine-Teatro Garrett, palco central do evento, onde desta vez não haverá condicionamento quanto à lotação para o público.

A escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio Camões 2021, e o seu compatriota Guita Jr., o angolano Ondjaki, recém-distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora, a são-tomense Cândida Lima, o brasileiro Geovani Martins, a espanhola Rosa Montero, o cubano Marcial Gala, os colombianos Santiago Gamboa e Juan Gabriel Vasquez, vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa, em 2018, Hélia Correia, também distinguida em 2013, e outros autores portugueses como João Luís Barreto Guimarães, Prémio Pessoa 2022, Manuel Jorge Marmelo, Teolinda Gersão, Valério Romão e Valter Hugo Mãe são alguns dos autores que vão passar pelo festival literário.

“Recuperamos o modelo que sempre nos habituámos a fazer, sem as anteriores limitações provocadas pela covid-19 que nos criaram muitas preocupações, permitindo que, desta vez, que as pessoas que pretendam assistir se possam acomodar em todos os sítios disponíveis, sentindo o verdadeiro espírito do Correntes d’Escritas”, partilhou o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira.

O autarca poveiro apresentou hoje os detalhes desta 24.ª edição, que vai dedicar a Revista Correntes d’Escritas ao escritor angolano Manuel Rui, de 81 anos, um dos autores residentes do certame, depois de participar em todas edições desde 2000 até 2021.

A publicação será divulgada no dia da cerimónia de abertura do evento, a 15 de fevereiro, onde a conferência inaugural será proferida por Manuel Sobrinho Simões, médico, professor da Universidade do Porto, e especialista em diagnóstico e investigação em oncologia, que vai subordinar a sua intervenção ao tema “Ciência e Cultura”.

Nesse mesmo dia, serão divulgados os vencedores do Prémio Literário Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, que tem por finalistas obras de A.M. Pires Cabral, António Cabrita, Hélia Correia, Luís Filipe Castro Mendes, Margarida Vale de Gato, Maria do Rosário Pedreira, Regina Guimarães, Rosa Alice Branco, Rosa Oliveira, Rui Almeida, Rui Lage, assim como os distinguidos com os prémios Correntes d’ Escritas/Papelaria Locus, Luis Sepúlveda e Fundação Dr. Luís Rainha/Correntes d’ Escritas.

Quanto às mesas de debate, que vão reunir todos os autores presentes, serão, nesta edição, dez, e terão como ponto de partida das conversas temas retirados de frases da poesia de Ana Luísa Amaral (1956-2022), vencedora do Prémio Literário, em 2007, com o seu livro ‘A Génese do Amor’.

As mesas vão acontecer no Cine-Teatro Garrett, no centro da cidade, o mesmo local onde este ano regressa a iniciativa da feira do livro, que terá a apresentação de 37 obras, recém-lançadas ou a lançar no mercado livreiro português.

Entre as iniciativas conta-se o pré-lançamento de ‘O Dever de Deslumbrar – Biografia de Natália Correia’, por Filipa Martins, assinalando o centenário da poeta de ‘Mátria’, nascida nos Açores, em 13 de setembro de 1923.

Da memória do escritor chileno Luís Sepúlveda (1949-2020), uma das primeiras vítimas da pandemia, que foi presença regular nas ‘Correntes’, será apresentado o livro ‘Mundo Sepúlveda’, assinado em parceria com o fotógrafo Daniel Mordzinski, o chamado ‘fotógrafo dos escritores’, numa edição do encontro literário que também conta com a companheira do autor de ‘O velho que lia romances de amor’, a escritora chilena Carmen Yáñez.

No exterior, todas as montras comerciais da Póvoa estarão decoradas com frases da Agustina Bessa-Luís essencialmente referentes à Póvoa, que também se estenderão pelas ruas da cidade, onde a iniciativa vozes transeuntes, com declamação de poesia, terá igualmente continuidade, assim como nas escolas EB 2/3 e secundárias e no Mercado Municipal.

Também este ano se repetem as sessões de autores com alunos nas escolas e a iniciativa Correntes Itinerantes, que leva o evento às freguesias da Póvoa de Varzim.

Como iniciativas paralelas, haverá uma sessão de cinema, com exibição do filme ‘O Campo de Sangue’, de João Mário Grilo, exposições de arte em diferentes espaços, sessões de teatro e ainda o curso de formação de professores apelidado ‘Correntes em Rede’.

Desta vez sem a obrigatoriedade de apresentação de certificado digital de vacinas, nem a utilização de máscaras ou a marcação de lugares, verificadas em 2022, esta 24.ª edição do Correntes marcará o regresso do público em massa, algo que se torna um desafio para um evento onde a procura é, normalmente, maior que a oferta de lugares.

“O futuro está a ser desenhado e executado nesta altura. Se tudo correr bem, em novembro de 2024 já teremos concluído o novo espaço de acolhimento, que será a Póvoa Arena [pavilhão multiusos na antiga praça de touros da cidade], onde teremos outras condições para acolher este e outros eventos”, projetou o autarca Aires Pereira.

O presidente da Câmara frisou, ainda, a importância do evento, que volta a ter financiamento do Ministério da Cultura, “não só para cultura portuguesa, mas também para a projeção da Póvoa de Varzim a nível nacional e internacional”.

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