Cruzeiro Seixas em destaque na feira de arte Frieze em Londres

 

Documentos, cartas, desenhos, poesia e desaforismos, alguns dos quais inéditos, do surrealista português, que morreu no ano passado aos 99 anos, vão estar entre trabalhos raramente vistos de figuras pouco conhecidas mas consideradas pioneiras da arte de vanguarda do século XX.

A exposição chega pela mão da Perve Galeria, que fez a seleção de trabalhos produzidos ao longo de cinco décadas, com especial ênfase no trabalho desenvolvido pelo artista enquanto viveu em Angola, ao longo de 12 anos, entre 1952 e 1964.

O período em Angola destaca-se não só pelo uso de materiais nativos que na altura causaram fricções com o regime e a polícia política de Salazar, mas também por ter sido quando “descobriu a poesia”, influenciando a sua produção artística posterior, disse à agência Lusa o diretor artístico da Perve Galeria, Carlos Cabral Nunes.

A mostra é a segunda exposição internacional do Ciclo de Celebração do Centenário de Cruzeiro Seixas, que a Perve tem vindo a promover desde 2020.

“Cruzeiro Seixas não é só um artista português, é um extraordinário artista internacional. A obra dele transcende a nossa própria condição de país periférico. Ele é o artista português na história que mais obra realizou, com uma linguagem própria, muito multifacetada e surpreendente”, defende.

A Secção Spotlight tem curadoria da norte-americana Laura Hoptman, atual diretora do museu Drawing Center em Nova Iorque, e que durante anos dirigiu o Museu de Arte Moderna da mesma cidade (MoMA), e é dedicada a artistas vanguardistas do século XX.

Este ano vai incluir obras de artistas como Woody Vasulka, Franca Sonnino, Obiora Udechukwu, Feliciano Centurión, Santi Alleruzzo, entre muitos outros.

A galeria de Lisboa é a única portuguesa entre 130 galerias internacionais na Frieze Masters, a parte da feira internacional dedicada a artistas anteriores ao século XXI.

O evento “irmão”, Frieze London, dedica-se à arte contemporânea e artistas ainda vivos, com obra posterior ao ano 2000.

Juntas, atraem anualmente cerca de 60 mil visitantes, como programadores, artistas, colecionadores, galeristas e críticos, bem como o público em geral, mas em 2020 realizou-se num formato digital devido à pandemia covid-19.

Aproveitando a presença de especialistas internacionais em Londres, muitas galerias realizam exposições paralelas para coincidir com a Frieze, como é o caso da Neon Art Gallery, que vai promover uma exposição individual do português Hugo Lami.

Intitulada “Life Found on the Moon” (“Encontrada Vida na Lua”, em tradução do inglês), a exposição decorre entre 11 e 17 de outubro.

Lami vive entre Lisboa, onde estudou Pintura na Escola Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, e Londres, onde concluiu um mestrado em Escultura no Royal College of Art.

Também residente e formado em Londres, no Chelsea College of Arts, o português Pedro Sousa Louro participa numa exposição coletiva de mais de 70 artistas de 25 países na Saatchi Gallery.

A StART Fair pretende marcar o lançamento da StART.art, uma plataforma de comércio eletrónico para artistas.

Já no âmbito da Frieze Sculpture, uma das maiores exposições de escultura ao ar livre de Londres, que decorre até 31 de outubro, expõe o português José Pedro Croft.

A exposição tem curadoria, pelo nono ano consecutivo, de Clare Lilley, diretora do programa no Parque de Esculturas de Yorkshire, e apresentará também trabalhos das artistas brasileiras Solange Pessoa e Vanessa da Silva.

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