‘Desghosts & Arrayolos’ é "como um ying yang, tristezas e alegrias"

Foi a 6 de novembro que Stereossauro revelou ao vivo no Capitólio, em Lisboa, a expansão do seu universo musical com a apresentação do novo longa duração, ‘Desghosts & Arrayolos’, um disco duplo que tem também uma dualidade de estados de espírito, fiel à própria experiência humana.

Esta semana, o concerto ficou disponível no canal de Youtube do DJ e produtor português, para todos os que não puderam assistir ao espetáculo ou para aqueles que o querem recordar.

Nesta viagem sensorial participaram vários artistas, como Selma Uamusse, XTinto, Manel Cruz, Aurea, Sara Correia, Blaya, Zuka, Carlão e Marisa Liz.

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Stereossauro recordou como encarou o desafio de construir um disco durante uma pandemia, ainda por cima com tantas participações e explicou toda a dualidade que envolve ‘Desghosts & Arrayolos’.

Acaba de lançar o seu novo disco ‘Desghosts & Arrayolos’. Uma das principais diferenças em relação ao álbum anterior foi o facto de produzir os seus próprios samples. Como foi construir um álbum duplo a partir de uma página em branco?

É um processo que demora um pouco mais. Estou muito habituado a trabalhar com samples e, neste caso, até obter resultados que goste leva mais tempo mas gostei muito do processo e aprendi muito.
     
Outra das principais mudanças foi a adoção de elementos musicais mais pop. Porquê esta mudança?

Era algo que ainda não tinha feito e eu estou constantemente à procura de novas fontes de inspiração.
     
E que ideia pretende transmitir com o título ‘Desghosts & Arrayolos’?

Uma dualidade, algo muito intrínseco à condição humana. Quase como um ying yang, tristezas e alegrias. A junção das palavras tem a ver com expressões clássicas misturadas com expressões contemporâneas.
     
Todos os temas deste trabalho contam com a participação, nas vozes, de vários artistas. Como escolhe os seus convidados?

Não tenho uma regra predefinida para isso. Ou são pessoas com quem já tenho vontade de trabalhar há muito ou, por vezes, o instrumental ou a letra das músicas levam-me a pensar em determinados artistas.
     
E como decorre o trabalho com cada um deles? Como constroem os temas? É um trabalho conjunto?

Se forem cantautores é um trabalho conjunto. Se forem intérpretes tento dar-lhes já a canção com letra e instrumental mas estou sempre aberto a sugestões dos cantores. Assim, também neste caso, acaba por ser um trabalho em conjunto pois o feedback e interpretação dos cantores é muito importante e conta muito.
     
Já está a pensar nos nomes que irá convidar para o próximo álbum? Há algum artista com quem anseia poder trabalhar num futuro próximo?

Ainda não. Estou a trabalhar já em algumas coisas mas em fase instrumental ainda. Gostava, por exemplo, de remisturar o catálogo de alguns artistas com acesso às multi pistas.
     
Qual foi o tema mais desafiante deste disco? Porquê?

Talvez o ‘Salto’. Foi um tema que exigiu algum trabalho extra porque passei bastante tempo a pesquisar sobre a emigração portuguesa nos anos 60 para escrever a letra. No entanto, depois disso, gravar com o Ricardo Ribeiro foi super fácil. Ele é um cantor incrível e tem uma voz de outro mundo.
     
E o mais fácil de conceber? Porquê?

Em geral correram todos bem. O ‘Malmequer’ com o New Max, por exemplo, foi uma troca de ideias que resultou muito bem e era uma alegria cada vez que recebia inputs do New Max. Tudo o que ele faz é brutal.
     
Se tivesse de escolher, preferia compor e produzir ou atuar ao vivo? Porquê?

Adoro as duas coisas. Tocar ao vivo tem uma energia que é impossível replicar em estúdio mas, por outro lado, sou capaz de estar fechado dias a fio em estúdio e nem dou pelo tempo a passar… Acho que não sou capaz de escolher só um.
     
Que impacto teve a pandemia na construção deste duplo álbum?

Atrasou bastante o processo. Muita da produção é feita à distância e sozinho em casa mas depois a gravação de vozes tem de ser feita em estúdios profissionais e o confinamento, por vezes, trocou-me as voltas e, claro, muitas vezes o mood para escrever não era o melhor. Atrasou o processo mas foi só isso.
     
E que impacto teve a Covid-19 na sua carreira? Qual a sua reflexão sobre as medidas que foram tomadas para ajudar o setor da Cultura?

Grande parte do impacto foi nas atuações ao vivo, aí sim, a Covid-19 virou tudo do avesso. A cultura já antes da pandemia precisava de mais apoios, agora precisa ainda mais. Eu tive apoio para produzir o espetáculo ao vivo que de outra forma não teria sido possível concretizar mas a cultura engloba muita gente, nomeadamente pessoas que trabalham nos bastidores como técnicos de luz, som e outros e esses profissionais estão em situações de muita dificuldade e muitos deles trabalham a recibos verdes portanto não têm grandes direitos quando ficam sem trabalho. É muito complicado.
     
Os casos estão novamente a multiplicar-se em Portugal e um pouco por toda a Europa. Teme que isto possa afetar novamente a Cultura e a realização de concertos?

Sim, é provável, mesmo com grande parte das pessoas vacinadas e com testes disponíveis temos de estar preparados para essa eventualidade.
     
Temos concertos agendados para breve? Quando e onde?

Tenho já algumas coisas para 2022 mas ainda não estão confirmadas. Felizmente conseguimos fazer o concerto de apresentação no Capitólio que acabo de disponibilizar em vídeo, na sua versão completa, no meu canal de Youtube.

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