Diretora do museu de Évora tem como "luta" mais pessoal e orçamento

“Essa é a minha primeira luta, convencer a tutela de que o museu precisa de mais orçamento, de mais recursos humanos”, afirmou à agência Lusa Sandra Leandro.

A nova diretora do MNFMC, que ganhou o concurso público internacional, afiançou que vai procurar “dar a entender, com uma clareza meridiana”, à tutela que o museu “precisa de ser mais valorizado”.

“Através de mais pessoal, e necessita de mais pessoal a vários níveis”, assim como “precisa de mais orçamento”, porque “há anos” que “é suborçamentado”, insistiu.

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou, na quinta-feira, os primeiros resultados dos concursos internacionais abertos em 2020 para cargos de direção em museus e monumentos nacionais.

A historiadora e professora universitária Sandra Leandro, que leciona na Universidade de Évora (UÉ), foi selecionada para o MNFMC, segundo a DGPC.

“Estou extremamente feliz. A minha vontade de dirigir um museu é uma determinação que me acompanha há muitos anos, é um sonho que eu tinha e que, finalmente, após muito trabalho, vejo concretizado”, reagiu, em declarações à Lusa.

Agora, Sandra Leandro vai passar por “um período de transição”, para concluir o semestre na UÉ, e prevê assumir oficialmente, “em junho”, funções a tempo inteiro como diretora do museu.

Licenciada em História — variante História de Arte e mestre em História da Arte Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa, doutorou-se, em 2009, em História da Arte Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma academia.

Desde 2001, é professora da UÉ, no Departamento de Artes Visuais e Design, desenvolvendo também atividade como investigadora, e tem como desígnio e visão para o MNFMC o seu “crescimento como instituição de referência no panorama nacional”.

“Como museu, centro de estudo, conhecimento e criatividade em Évora, na região do Alentejo, na região transfronteiriça, em Portugal, e no mundo, nos domínios da Arte, Arqueologia, Património material e imaterial”, indicou a nova diretora, citada pela DGPC.

Sandra Leandro, de 50 anos e natural de Lisboa, explicou à Lusa que os museus devem ser “espaços de cidadania” e, no caso concreto do Frei Manuel do Cenáculo, quer igualmente “humanizar” a instituição e “potenciar e cultivar o trabalho de equipa”.

“Vou fazer disso a minha ‘bandeira’ e tentar tornar cada vez mais próxima a relação entre estes espaços dos museus e as pessoas que nos visitam”, ao “captar a atenção do público, cativá-lo, dar-lhe a ver coisas que o alegrem e que, num tempo tão difícil como o nosso, puxem pelo lado do humor”, avançou.

Na Universidade Nova de Lisboa, Sandra Leandro é investigadora do Instituto de História da Arte e membro da equipa Faces de Eva – Estudos sobre a Mulher, enquanto, na Universidade de Évora, é colaboradora do CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística.

A carência de funcionários no MNFMC, único museu nacional a sul do rio Tejo, foi denunciada à agência Lusa, em junho do ano passado, pelo diretor António Alegria.

A promoção do espaço museológico de Évora a Museu Nacional e a mudança da sua designação para Museu Frei Manuel do Cenáculo foi aprovada, a 23 de fevereiro de 2017.

Instalado no antigo Paço Episcopal, junto à Sé e ao Templo Romano, tem um acervo de cerca de 20 mil peças de pintura, escultura e arqueologia, possuindo ainda azulejaria, ourivesaria, paramentaria, mobiliário, cerâmica, numismática e naturália (objetos curiosos da natureza).

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