Dramaturgo espanhol Juan Mayorga vence Prémio Princesa das Astúrias

“Desde o início, Mayorga propôs uma renovação da cena teatral, dotando-a de uma preocupação filosófica e moral, que interpela a nossa sociedade ao conceber o seu trabalho como um teatro para o futuro e para a essencial dignidade do ser humano”, acrescentou o júri, que fez o anúncio do prémio.

Juan Mayorga distinguiu-se entre um total de 41 candidaturas de 19 nacionalidade que concorreram ao galardão das letras espanhol.

Nascido a 06 de abril de 1965 em Madrid, o dramaturgo é mais conhecido nos países de língua inglesa pela peça “Himmelweg”, de 2004, traduzida como “Way to Heaven”, sobre a visita da uma delegação da Cruz Vermelha Internacional ao campo de concentração de Theresienstadt, em 1944.

Em Portugal, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, já houve oito encenações das suas obras, metade das quais pelos Artistas Unidos.

Doutorado em 1997 com um trabalho sobre o pensamento de Walter Benjamin, Juan Mayorga já tinha anteriormente participado em seminários de escrita com Marco Antonio de la Parra e José Sanchís Sinisterra, e tinha também participado em cursos na Royal Court Theatre International Summer School, em Londres.

Em 1989 publicou a sua primeira peça, “Siete hombres Buenos” (“Sete Homens Bons”), que lhe valeu um segundo lugar no Prémio Marqués de Bradomín do Instituto Espanhol da Juventude.

Foi professor de Drama e Filosofia na Real Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid e dirigiu um seminário sobre “Memória e Pensamento no Teatro Contemporâneo”.

Atualmente dirige o Teatro de La Abadía e o Teatro Corral de Comedias – Alcalá de Henares (Madrid) e é diretor da Cátedra de Artes Performativas e do Mestrado em Criação Teatral na Universidade Carlos III (Madrid).

Considerado um dos mais destacados dramaturgos da cena teatral atual, Mayorga fundou em 1993, em conjunto com outros dramaturgos, o grupo de escrita de peças de teatro El Astillero e, um ano depois, estreou-se a primeira adaptação de um dos seus textos, “Más ceniza”, que lhe valeu o Premio Calderón de la Barca, em 1992.

Em 2011 fundou a companhia La Loca de la Casa, com a qual encenou a sua peça “La lengua en pedazos”, em 2012.

Com as suas criações, nas quais os críticos encontraram referências ao teatro de Tom Stoppard, David Hare e Harold Pinter, procura confrontar o público com a realidade através do conflito, desafiando as convicções, a sensibilidade e o ponto de vista do espectador, sem evitar as questões da atualidade política e sociais.

Os seus primeiros trabalhos incluem “El traductor de Blumemberg” (1993), “El sueño de Genebra” (1993), “Cartas de Amor a Stalin” (1997), “El jardín quemado” (1999), “La mujer de mi vida” (1999) e “El Gordo y el Flaco” (2001).

Entre os textos que escreveu, contam-se ainda títulos como “El chico de la última fila” (2006), “La paz perpetua” (2007), “El cartógrafo” (2009), “Reikiavik” (2012), “El Golem” (2015), “El Mago” (2017) e “Intensamente Azules” (2018).

A sua última obra é “Silêncio” (2022), escrita a partir do seu discurso de admissão à Academia Real.

Mayorga também adaptou peças clássicas e tem sido traduzido em mais de trinta línguas e representado em palcos de todo o mundo.

Ao longo da sua carreira já recebeu vários prémios, entre os quais o Prémio Ojo Crítico de RNE (2000), o Prémio Telón de Chivas para as Artes do Espectáculo (2005), o Prémio Nacional de Teatro (2007), o Prémio Valle-Inclán (2009), o Prémio Nacional de Literatura Dramática (2013) e cinco Prémios Max para as Artes do Espectáculo.

Em 2016, foi galardoado com o Prémio Europeu para as Novas Realidades Teatrais.

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