Escritor Boaventura Cardoso vence Prémio de Literatura dstAngola/Camões

Boaventura Cardoso, “um dos melhores prosadores da História da Literatura Angolana (…), constrói um romance que se constitui fundamental para quem queira conhecer a Angola do último meio século”, declarou o júri, sobre a escolha.

O júri desta edição do prémio foi presidido pela professora Irene Guerra Marques e constituído pelo professor Manuel Muanza e pelo o jornalista Carlos Ferreira.

“A atribuição do prémio ao autor Boaventura Cardoso fundamenta-se essencialmente no facto de se tratar de uma obra que reflete, melhor do que nunca, um escritor que nos habituou, ao longo dos anos, a um trabalho exaustivo que balança constantemente entre uma criatividade muito rica, mas também muito disciplinada”, sublinhou o júri.

“Entre o imaginário, o realista, o religioso, o musical (o refrão que percorre uma das principais figuras do seu romance, da sua vida!), Boaventura Cardoso recorre aos mesmos métodos que fizeram dele um dos melhores prosadores da História da Literatura Angolana: uma disciplina férrea, um profundo conhecimento da realidade, uma observação lúcida e inteligente de tudo quanto se vai passando à sua (à nossa…) volta, e constrói um romance que se constitui fundamental para quem queira conhecer a Angola do último meio século”, acrescentou o júri.

Editado em Portugal pela Guerra & Paz, “Margens e Travessias” é destacado pela editora como “um romance político, corajoso, mas sobretudo de grande valor literário, de um grande contador com um imaginário que vai ao mais fundo e mais mitológico de África”.

Licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de São Tomaz de Aquino – “Angelicum”, em Roma, Boaventura Cardoso estreou-se na edição em 1977 com o livro de contos “Dizanga dya Muenhu, a que se seguiram novas coletâneas como “O Fogo da Fala” (1980) e “A Morte do Velho Kipacaça” (1987), e os romances “O Signo do Fogo” (1992), “Maio, Mês de Maria” (1997) e “Mãe, Materno Mar”, a que foi atribuído o Prémio Nacional de Cultura e Artes (2001), na área de Literatura.

“Noites de Vigília” (2012) e “Margens e Travessias” (2021) estão entre as obras mais recentes do autor.

Atual deputado à Assembleia Nacional de Angola pelo MPLA, Boaventura Cardoso é membro honorário da Academia Palmense de Letras, do Estado brasileiro de Tocatins, e recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do Brasil, em 2006.

De 2016 a 2020, foi o primeiro presidente da Academia Angolana de Letras de que é membro fundador.

O Prémio de Literatura dstangola/Camões, dedicado a livros editados em poesia e prosa, de artistas nascidos em Angola, distinguiu, nas edições anteriores, Zetho Cunha Gonçalves, em 2019, Pepetela, em 2020, e Benjamim M’Bakassy, no ano passado.

Criado numa parceria entre o grupo empresarial e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, em 2019, o prémio tem por objetivo distinguir trabalhos de poesia e prosa de escritores angolanos, em edições alternadas, quanto ao género literário, à semelhança do prémio dst de literatura, dedicado a autores portugueses.

No âmbito do protocolo com o instituto Camões, foi também criada a sala de leitura dstangola, no Centro Cultural Português de Luanda, que já recebeu do grupo empresarial livros num valor superior a 12.500 euros, de autores de língua portuguesa, em livros técnicos e de literatura, “entre muitos outros géneros”.

O projeto da sala de leitura será “reforçado em seis mil euros, em cada um dos três anos subsequentes”, como anunciou hoje o grupo dst.

O prémio desta edição do Prémio De Literatura dstAngola/Camões, com o valor de 15 mil euros, será entregue ao vencedor, em Luanda, durante o mês de outubro.

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