Escritor francês Hervé Le Tellier vence prémio literário Goncourt

L’Anomalie‘ é o oitavo romance de Hervé Le Tellier, 63 anos, e venceu o Goncourt com oito votos da academia, numa votação para a qual estavam também indicados a escritora camaronesa Djaili Amadou Amal, com ‘Les impatientes‘, e os autores franceses Mael Renouard, com ‘L’historiographe du Royaume‘, e Camille de Toledo, com ‘Thésée, sa vie nouvelle‘.

O romance ‘relata as consequências de um estranho acontecimento, nomeadamente um voo Paris-Nova Iorque, ocorrido duas vezes com os mesmos passageiros, com alguns meses de intervalo. A história, expectante, convoca brilhantemente todos os géneros’ literários, escreve a agência France Presse.

O anúncio do vencedor foi feito em videoconferência, com Hervé Le Tellier a admitir que não esperava ganhar um prémio como o Goncourt: ‘Primeiro, não se escreve para o vencer, e, depois, não se imagina ganhá-lo’.

Sobre o romance vencedor, o autor premiado explicou que a história propõe ‘uma outra versão do mundo’, com Joe Biden como presidente, uma vez que Donald Trump ‘é a causa da destruição do mundo’.

Na sessão de anúncio do Goncourt, o escritor Tahar Ben Jelloun, membro da academia, afirmou que ‘L’Anomalie‘ irá agradar a muitos leitores: ‘Este livro vai fazer bem a muita gente, porque vivemos numa época, como todos sabem, não muito boa’.

De Hervé Le Tellier, em Portugal, a Teodolito editou, em 2014, o romance ‘Nunca é Demais Falar de Amor’.

Matemático de formação, com doutoramentos e investigação em linguística, jornalista, antigo colaborador do jornal Le Monde, Le Tellier é um autor conhecido em França, membro do chamado grupo Oulipo (Ouvroir de Littérature Potentielle), que congregou autores como Georges Perec, Italo Calvino e Raymond Queneau.

A sua obra ‘Contes Liquides’, uma ficção construída sobre o imaginado autor português Jaime Montestrela, do qual supostamente traduzia a obra ‘Contos Aquosos’, deu a Le Tellier o Prémio de Humor Negro da literatura francesa, atribuído todos os anos, desde a década de 1950, na terça-feira de Carnaval.

Historicamente, o Prémio Goncourt, um dos mais importantes para a literatura em língua francesa, traduz-se apenas num cheque no valor simbólico de 10 euros, entregue ao laureado, mas a sua atribuição provoca desde logo o aumento das vendas e assegura a tradução e edição a nível internacional, segundo o ‘site’ da Academia.

Desde a sua criação, em 1903, o Goncourt distinguiu escritores como Marcel Proust, Elsa Triolet, Simone de Beauvoir, Romain Gary, Patrick Modiano, Tahar Ben Jelloun, Érik Orsenna, Amin Maalouf, Jonathan Littell, Mathias Énard e Leila Slimani.

Este ano, a Academia Goncourt, que tinha previsto o anúncio do vencedor para o passado dia 13 de novembro, decidiu adiar a proclamação do vencedor enquanto as livrarias em França estivessem encerradas, perante o anúncio de um novo confinamento decretado por Emmanuel Mácron, por causa da pandemia da covid-19.

A reabertura das livrarias de rua, em França, verifica-se desde o passado sábado.

 

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