Espólio de David de Almeida doado à Biblioteca de Arte da Gulbenkian

 

Esta doação foi feita pelas filhas de David de Almeida, indica a fundação, num comunicado enviado à agência Lusa, referindo que surge na sequência de uma outra, no ano passado, de peças de arte do artista doadas para o acervo da Coleção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian.

Trata-se de um conjunto de documentação que inclui material impresso, manuscritos — cadernos/diários com anotações, desenhos e colagens – correspondência, recortes de imprensa, fotografias e negativos de obras e maquetas de trabalhos de arte pública.

Considerado um dos mais relevantes gravadores contemporâneos portugueses, David de Almeida, nascido em São Pedro do Sul, em 1945, e falecido em 2014, aos 69 anos, também trabalhou, ao longo da sua atividade artística, a pintura e a escultura.

Começando pelos processos tradicionais da gravura, o artista – que veio a ser distinguido, em 1997, com a comenda da Ordem do Infante Dom Henrique – criou, na década de 1980, o seu próprio método de gravar, utilizando a pasta de pedra e a argila expandida.

Das suas experimentações, e do aproveitamento plástico dos materiais que misturava e incorporava, explorando as capacidades táteis e sensoriais, resultaram obras que, frequentemente, evocam formas ancestrais.

Numa outra escala, nas suas intervenções em espaços públicos em Portugal, no Brasil (São Paulo), Macau, Espanha e em Cabo Verde, David de Almeida utilizou como material de base a pedra, que gravou, potenciando a sua materialidade plástica.

Enquanto bolseiro do Serviço de Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, fez um estágio nos Moinhos do Vale do Lagat, em França, onde se especializou na produção manual de papel, estudou holografia no Goldsmith College da London University, e estagiou com o pintor e gravador inglês Stanley Hayter no Atelier 17, em Paris.

Entre os vários prémios que David de Almeida recebeu, contam-se a Medalha de Ouro da Associação de Gravadores Espanhóis (Madrid, 1977), o Prémio Nacional de Gravura 1980 (Portugal), bem como o Prémio Nacional de Gravura — Museu de Gravura Espanhola Contemporânea — Espanha (1999), e uma Menção Honrosa — Prémio Nacional de Gravura — Calcografia Nacional/Phillip Morris (Madrid,2000).

Este espólio irá permitir “não só uma melhor compreensão da prática artística de David de Almeida, contextualizando-a, como também a investigação de aspetos da arte moderna e contemporânea em Portugal”, sublinha a Fundação Calouste Gulbenkian.

A documentação será disponibilizada para consulta à medida que for sendo tratada e integrada no catálogo da Biblioteca de Arte, refere ainda.

 

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