Exposição "choque" transforma Embaixada em Paris numa galeria de arte

 

“É um local fabuloso, lindíssimo, já mais de 60 anos que eu frequento esta Embaixada. É uma casa que eu conheço bem e é um lugar de honra de Portugal […] Nós expormos aqui, faz um certo choque, mas é a coragem deste Embaixador”, afirmou Manuel Cargaleiro esta noite na abertura da exposição.

Devido às restrições impostas pela covid-19, um pequeno grupo de artistas e mecenas foram até à Embaixada de Portugal em França, no 16º bairro de Paris, para dar o pontapé de saída numa exposição que reúne as obras de 12 artistas nacionais contemporâneos e que mudou os clássicos salões de receção deste pequeno palácio.

De Manuel Cargaleiro, um jarrão com mais de dois metros, adorna agora a entrada para o salão nobre e do outro lado, está suspensa a obra “J’Adore Miss Dior” (2013) de Joana Vasconcelos. No topo da escadaria está um cubo com relevo, apelidado “Rust Series #15!.

“Durante a presidência portuguesa da União Europeia, queríamos dar uma imagem de Portugal para quem viesse à Embaixada que não fosse apenas a imagem clássica na referência à nossa tradição e à nossa história, mas que lembrasse que essa identidade não resume o que é Portugal agora. Há uma dimensão de modernidade”, explicou Jorge Torres Pereira, embaixador de Portugal em França.

Para o comissário desta exposição, João Pinharanda, também conselheiro cultural da embaixada, este é um “Portugal de hoje, dinâmico, não é um Portugal do passado”. E um Portugal que surpreende quem vem agora até à Rua Noisiel na capital francesa.

“Para os estrangeiros, a arte portuguesa é sempre inesperada porque está fora dos cânones regulares, mesmo para os franceses. As pessoas ficam surpreendidas com a remodelação da embaixada”, indicou.

Numa escadaria que dá acesso ao segundo andar, está uma nuvem iluminada que se move, uma obra da artista mais jovens da mostra, Cátia Esteves, instalada há sete anos em Paris, para quem fazer parte desta exposição é “um enorme orgulho”

“Esta peça é uma obra a partir de papel e faz parte do meu trabalho de fundo, que é dar valor a materiais recuperados. Eu utilizo o papel, como o plástico, para lhes dar de novo uma vida, para aproximar as pessoas da natureza, como esta nuvem que cria um ambiente de sonho”, descreveu a artista.

Nos próximos dias, a embaixada vai começar a abrir pequenas visitas com pré-inscrição de modo a que mais pessoas, dentro do respeito pelas regras sanitárias, possam ver as obras de Miguel Branco, José de Guimarães, Bela Silva ou Cristina Ataíde.

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