Exposição recorre ao digital para colmatar falta de acesso a invisuais

 

Em declarações à agência Lusa, Roberto Vaz, finalista do programa doutoral em Media Digitais da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e mentor da exposição, afirmou hoje que o objetivo da mesma é “colmatar a falta de acessibilidade e criar maior inclusão” das pessoas com deficiências visuais.

“A ideia surge de uma necessidade constatada que é a falta de acesso que o público com deficiência visual tem nestes espaços museológicos”, afirmou o estudante de doutoramento, cuja exposição que se inaugura dia 06 de abril culmina do trabalho de investigação desenvolvido nos últimos quatro anos.

De acordo com Roberto Vaz, a exposição, que vai explorar a cura através de réplicas de peças de coleções pertencentes a vários povos de diferentes épocas da história da humanidade – da pré-história à atualidade – divide-se em 10 momentos diferentes.

“Vamos tentar explicar como é que a saúde era tratada recorrendo, em alguns casos, a manipulação e, noutros, a rituais. No fundo, é a volta ao mundo para comunicar como é que era a cura”, esclareceu o estudante de doutoramento.

Aquando da chegada à exposição, os visitantes invisuais ou com visão reduzida vão ter acesso a uma maquete tátil da planta do Museu de Farmácia do Porto em três dimensões (3D), que integra os “pontos cicláveis” correspondentes às 10 paragens acessíveis ao longo da visita.

Ao longo da mostra, os visitantes vão ter acesso a réplicas de objetos que foram produzidos recorrendo a tecnologias 3D para “passar a sensação de material, peso e temperatura às pessoas”.

“No caso dos objetos, foi desenvolvido um sistema de raiz interativo que, quando a pessoa pega no objeto, começa a explicar o conteúdo do mesmo”, referiu.

Entre as réplicas encontram-se, por exemplo, três vasos (grego, romano e árabe), um almofariz pré-histórico, livros, um tocado indígena e o modelo de acupuntura usado para o ensino.

“O nosso objetivo é melhorar o acesso sensorial a peças de coleção, mas também o acesso intelectual a essas mesmas peças, através de conteúdos museológicos e audiodescrições, e o acesso físico dentro da própria exposição”, afirmou Roberto Vaz, acrescentando que a exposição termina nas duas farmácias criadas no museu: a Farmácia Islâmica e a Farmácia Estácio.

Paralelamente, os visitantes invisuais ou com visão reduzida vão poder saber, através da aplicação NaviLand (desenvolvida por uma instituição espanhola e cedida no âmbito do projeto de investigação) em que espaço do museu se encontram.

“A ideia é que a pessoa, recorrendo ao seu ‘smartphone’ possa ser autónoma. Existem vários códigos da aplicação distribuídos ao longo do museu que vão dizendo se a pessoa está na receção, no hall de entrada ou noutro ponto da exposição”, explicou.

A mostra conta ainda com outra aplicação que nos 10 momentos da exposição convida os visitantes a participarem em jogos, responder a uma série de questões, tirar fotografias e até a procurar objetos.

A exposição, que se inaugura dia 05 de abril, vai ficar patente no Museu de Farmácia do Porto até dia 17 de abril.

O projeto de investigação de Roberto Vaz sobre a falta de acessibilidade a museus para pessoas com deficiência visual venceu, este ano, o ‘International Award for Excellence for The Inclusive Museum Research Network’ do The Internacional Journal of the Inclusive Museum.

No decorrer da distinção, o estudante vai ser um dos oradores na International Conference on the Inclusive Museum, que decorre de 08 a 10 de setembro em Lisboa.

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