Segundo uma nota de imprensa do município, a mostra de Natália Correia, natural da freguesia da Fajã de Baixo, concelho de Ponta Delgada, contempla documentos de arquivo e da livraria da poetisa que existem na Biblioteca Pública Regional e Arquivo de Ponta Delgada, a par de quatro peças emblemáticas do espólio da poetisa, à guarda do Museu Carlos Machado.
A presidente da Câmara Municipal, Maria José Lemos Duarte, no catálogo da exposição, refere que “Ponta Delgada orgulha-se de ser o berço de um dos grandes vultos femininos da segunda metade do século XX em Portugal”.
De acordo a autarca, Natália Correia deixou “um legado que é a expressão do seu pensamento desassombrado, provocador, idealista, ativista e militante pela liberdade, pelo amor, pelo feminismo ou pelos direitos humanos”, sendo responsabilidade do município “honrar o seu contributo ímpar para a cultura e para o pensamento português contemporâneo”.
O ciclo comemorativo do centenário do nascimento de Natália Correia, que se assinala em 23 de setembro de 2023, teve início com a apresentação do Prémio Literário Natália Correia, através do qual é proposta a celebração da poeta e escritora como inspiração para a criação poética e literária na língua portuguesa.
O Prémio Literário Natália Correia, que oferece 7.500 euros e a publicação da obra vencedora, “é aberto a autores de todas as nacionalidades, com obras originais e inéditas, e redigidas na língua portuguesa”.
Terá uma “periodicidade anual e uma alternância também anual entre a produção poética e o domínio da narrativa, ou seja, o romance e o conto”, segundo explicou a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Maria José Lemos Duarte, em janeiro, na apresentação da iniciativa
A obra vencedora será selecionada por um júri constituído por Ângela Almeida, Dinis Borges, Lélia Nunes, Vera Duarte e Luís Sarmento.
Este ano, será premiada uma obra de poesia.
Natália Correia nasceu em 13 de setembro de 1923, na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, e foi viver para Lisboa aos 11 anos.
Apesar de ser conhecida como poetisa, a extensa obra da escritora micaelense inclui também trabalhos de ficção, teatro, ensaio e diário.
Foi responsável pela organização de várias antologias, das quais se destaca a ‘Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica’, um livro censurado pelo Estado Novo, que lhe valeu uma pena suspensa de três anos de prisão, em 1966.
Destacou-se também na vida política, onde apoiou o Movimento de Unidade Democrática e a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, em oposição ao Estado Novo, bem como as candidaturas à presidência da República dos generais Norton de Matos e Humberto Delgado.
Foi eleita como deputada à Assembleia da República pelo PSD, em 1980, mas acabaria a legislatura como deputada independente, por não apoiar a visão conservadora do partido.
Voltou a ocupar um assento parlamentar, de 1987 a 1991, pelo Partido Renovador Democrático, do general Ramalho Eanes.
Morreu em 16 de março de 1993, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco.
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