Exposição ‘Tudo o que eu quero’ reúne 200 obras de artistas portuguesas

Inicialmente programada para inaugurar a 25 de fevereiro em Bruxelas, no Palácio de Belas-Artes (Bozar), foi deslocada para Lisboa depois de um incêndio, no início do ano, ter inviabilizado a sua apresentação nesse espaço, no âmbito do Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

Entre 1 de junho e 23 agosto de 2021, a exposição vai apresentar obras de pintura, escultura, desenho, objeto, livro, instalação, filme e vídeo, produzidas por artistas como Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares e Helena Almeida.

Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Fernanda Fragateiro, Sónia Almeida e Grada Kilomba, entre outras, também estarão representadas na mostra, que vai do início do século XX até à atualidade.

Com curadoria de Helena de Freitas e de Bruno Marchand, a exposição resulta de uma iniciativa do Ministério da Cultura com produção executiva e projeto curatorial da Fundação Gulbenkian, incluída no Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.

‘Tudo o que eu quero – Artistas portuguesas de 1900 a 2020’ terá como ponto de partida o icónico autorretrato de Aurélia de Souza, pintado em 1900, propondo uma reflexão sobre um contexto de criação que durante muitos séculos foi quase exclusivamente masculino.

Nas palavras dos curadores, citados num comunicado da Gulbenkian, “o conjunto de obras, aqui reunido, constitui um documento em si mesmo da luta das suas autoras pelo pleno direito à sua voz”.

O título da exposição foi inspirado por “uma das figuras mais notáveis no campo da reimaginação do lugar das mulheres no espaço social, intelectual, sexual e amoroso dos últimos séculos: Lou Andreas-Salomé, assim situando o lugar das artistas selecionadas no espírito de subtileza, de afirmação e de poder”, segundo a curadoria.

Lou Andreas-Salomé (1861-1937) foi uma ensaísta, filósofa, poeta, romancista e psicanalista nascida na Rússia imperial, que viveu a maior parte da sua vida em vários países da Europa, especialmente na Alemanha, onde veio a falecer.

As artistas estarão representadas na mostra com um conjunto de obras que, “mais do que uma mera sinalização de presenças e de ausências, possa oferecer ao público uma imagem mais ampla dos seus respetivos universos artísticos”, segundo os curadores.

Também citada pela organização, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, destaca, a propósito da mostra, a importância de “aumentar a visibilidade das mulheres no setor cultural e criativo, uma das prioridades políticas da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, promovendo a representação igualitária das obras das mulheres em exposições, museus, galerias, teatros, festivais e concertos”.

“Esta é a única forma de sair dos papéis rígidos e confinados do género”, acrescenta a governante.

Por seu lado, a presidente da Gulbenkian, Isabel Mota, sublinha que, “além de contribuir para reparar algumas injustiças no contexto historiográfico nacional, esta exposição procura compreender o papel de destaque que as artistas portuguesas assumem na segunda metade do século XX, nomeadamente no plano internacional, muitas delas com uma longa ligação à Fundação, enquanto bolseiras em Portugal e em cidades como Paris, Londres ou Munique”.

Em 2022, ‘Tudo o que eu quero – Artistas portuguesas de 1900 a 2020’ será apresentada no Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, integrada no programa geral da Temporada Cruzada Portugal-França.

Para acolher esta exposição agora em junho, a Gulbenkian teve de adiar a mostra “Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Gulbenkian”, prevista para decorrer de 5 de março a 23 agosto 2021, na galeria principal da sede, adiada para o verão de 2022.

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