Festival exibe "olhar pessoal" da fotojornalista Patrícia de Melo Moreira

 

“Temos sempre temas ligados à atualidade, portanto a Síria, o Iraque, a Etiópia. E também nos interessam os temas de sociedade originais. Este ano temos Gabriele Galimberti sobre as armas nos Estados Unidos ou Valérie Baeriswyl com os casamentos no Haiti e, claro, Patrícia de Melo Moreira que tem um olhar muito pessoal sobre Portugal”, afirmou Jean-François Leroy, fotojornalista e cofundador do Visa pour l’Image, em declarações à agência Lusa.

O Visa pour l’Image é um festival de fotojornalismo que existe desde 1989 e paragem anual obrigatória para as maiores publicações mundiais como The Guardian, The Washington Post, The New York Times, Frankfurter allgemeine, Paris Match, Le Monde ou Libération. Vários fotojornalistas são premiados durante a mostra, sendo também atribuídas bolsas de criação.

Com décadas de experiência à frente do festival, Jean-François Leroy considera que a fotojornalista portuguesa traz uma realidade sobre Portugal longe do postal turístico que é apresentado em França.

“A Agência France Presse enviou-nos o trabalho dela com um portfólio mais desenvolvido. Portugal é um país um pouco afastado das manchetes, exceto em determinados momentos como a crise financeira ou os incêndios, mas há aspetos da sociedade portuguesa que nos escapam e não correspondem à ideia de postal turístico que temos do país”, indicou o também diretor do festival.

Patrícia de Melo Moreira, de 37 anos, é fotojornalista da Agência France Presse há dez anos. Esta é a primeira vez que uma mulher fotojornalista da Agência France Presse, maior agência de notícias francesa, com uma forte presença internacional, vai ver o seu trabalho exposto neste festival.

Para Leroy, as mulheres estão presentes desde sempre nos grandes momentos da fotografia, mas há falta de maior representatividade no fotojornalismo.

Fotojornalista há duas décadas, Patrícia de Melo Moreira foi a primeira mulher a vencer o prémio Estação Imagem, em 2018, com o trabalho “Verão Negro”, sobre os incêndios que fustigaram o país durante o verão de 2017.

O festival em Perpignan, que decorre em vários espaços emblemáticos da cidade, acompanha as exposições abertas ao público, com entrada gratuita, a um ciclo de debates e conversas com os fotojornalistas. Um aspeto “pedagógico” importante para esta mostra.

“Se mudarmos o espírito de três ou quatro pessoas, a nossa iniciativa já valeu a pena. O aspeto pedagógico é muito importante e por isso temos um programa de conferências com os fotógrafos que falam do seu trabalho e temos duas semanas dedicadas às escolas à volta de Perpignan”, detalhou Jean-François Leroy.

A exposição “My Portugal” no âmbito do festival Visa pour l’Image vai estar patente de 28 de agosto a 26 de setembro no Convento des Minimes e a fotojornalista portuguesa vai estar em França no início de setembro para algumas visitas guiadas à sua exposição.

O festival Visa pour l’Image recebe anualmente 200 mil visitantes. Este ano estabelece a obrigatoriedade de utilizar máscara e de apresentar o passe sanitário com vacinação completa ou um teste PCR ou antigénio com menos de 72 horas.

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