Festival Politica volta ao São Jorge para debater "Fronteiras" à inclusão

A ideia desta programação é precisamente “debater” as fronteiras físicas, psicológicas e políticas “que se apresentam como entraves à inclusão das pessoas no território ou na comunidade”, anunciou esta segunda-feira a organização do evento.

Essas “barreiras” são o fio condutor de cerca de 20 atividades gratuitas que vão de debates a ‘performances’, sessões de cinema, espetáculos, conversas e ‘workshops’, que completam esta nova edição do Festival Política, incluído na programação do “Abril na Rua” da EGEAC, empresa municipal que faz a gestão de equipamentos e animação cultural).

Este é o quinto ano consecutivo em que o Cinema São Jorge recebe o evento que, desde 2017, “tem vindo a reafirmar o seu compromisso de levantar questões que convidam à discussão e consciencialização cívica, individual e coletiva, através de várias formas de expressão política e artística”, destacam os organizadores.

Nesse sentido, os destaques da programação vão para três propostas desenvolvidas especialmente para esta edição: um ‘stand-up’ sobre racismo e direitos humanos do humorista Carlos Pereira; um solo do encenador, dramaturgo, cenógrafo e intérprete André Murraças, “Fronteiras”; e um espetáculo de Valério Romão e José Anjos, intitulado “Homens que são como fronteiras invadidas”, que convida à reflexão sobre os limites que a pandemia nos veio impor a título pessoal.

Na área do cinema, uma das expressões com maior destaque neste festival, está prevista a exibição de 18 filmes, que retratam realidades tão diferentes como as fronteiras da cidade de Lisboa, os conflitos sociais que atravessam a Europa, a violência de género, a ascensão dos nacionalismos e as migrações. Os filmes vêm de países como Alemanha, Chile, Espanha, Itália, Polónia, Portugal, Qatar, Reino Unido, Roménia, Rússia, São Tomé e Príncipe e Uruguai.

Apesar do foco deste encontro ser o contacto entre artistas e público, estão também marcadas atividades em formato virtual, possibilitando a sua realização, apesar das contingências impostas pela pandemia.

É o caso dos ‘workshops’, que pela primeira vez decorrem ‘online’, como uma sessão dedicada à participação cidadã na democracia, ou a oficina de escrita criativa, que tem por base a “Enciclopédia dos Migrantes”, livro que reúne 400 cartas.

Este livro é também “a base e origem” do espetáculo “Foguete de Emergência”, de Paloma Fernández Sobrino, apresentado no dia 25 de abril, às 11:00, no Cinema São Jorge.

De regresso à programação está também o “Cara-a-Cara com Deputados”, encontro entre cidadãos e deputados representantes dos partidos eleitos para a Assembleia da República que, devido à covid-19, se realiza via videoconferência.

“Esta edição apresenta uma programação que reflete o confinamento que a pandemia impôs a grande parte da população, mas também as fronteiras que separam o centro e a periferia de Lisboa, a par das realidades das populações migrantes e das lutas pelos direitos humanos que se tornaram ainda mais urgentes no contexto atual. Fronteiras como muros, não só os físicos como os políticos, económicos e mentais”, afirma o diretor artístico do festival, Rui Oliveira Marques.

Do programa fazem ainda parte dois projetos selecionados no âmbito do Concurso de Bolsas para Criadores, Ativistas e Artistas, desenvolvido em parceria com o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).

Das 45 candidaturas recebidas, a organização destaca a estreia de “Festinha”, da multiartista Puta Da Silva: um ‘videoclip’ desenvolvido para ser visto como uma experiência 360 graus, em realidade virtual, e que destaca a realidade das pessoas trasnsgénero imigrantes e racializadas.

O “Degelo”, projeto musical de Pedro Ruela Berga, foi outro dos selecionados, e apresenta um concerto maioritariamente instrumental, baseado no segundo EP “Sons Escapistas”, no qual explora a dicotomia entre a interioridade e a comunidade.

Tanto os eventos presenciais como ‘online’ do festival são gratuitos e acompanhados de tradução em linguagem gestual portuguesa, de forma a garantir a acessibilidade e inclusão.

Todas as sessões de cinema serão também legendadas em português, incluindo as que são faladas em língua portuguesa.

Os bilhetes para as sessões presenciais estão disponíveis apenas no próprio dia, na bilheteira do Cinema São Jorge, e a inscrição nas atividades ‘online’ deve ser feita para o endereço de correio eletrónico participa.politica@gmail.com.

O Festival Política é um conceito da Associação Isonomia, com direção artística de Bárbara Rosa e Rui Oliveira Marques, coproduzido pela EGEAC e os Produtores Associados.

O Festival Política decorrerá depois novamente no Centro de Juventude de Braga, em Braga, nos dias 6 a 8 de maio.

Leia Também: Theatro Circo comemora 106 anos com Drumming, Joana Gama e Luís Fernandes

Deixe um comentário