Filme premiado sobre casas regionais em Lisboa é apresentado no sábado

O filme mostra que Lisboa é “uma manta de retalhos”, com habitantes oriundos de outras partes de Portugal que procuraram melhores condições de vida na capital durante o século XX, e que as casas regionais têm sido locais de contacto com a terra natal, sublinhou à Lusa o autor e realizador.

“Estas estruturas associativas serviriam como embaixadas dessas regiões”, explicou Luís Esteves, que realizou a obra para o doutoramento em Arte dos ‘Media’, na Universidade Lusófona, abordando as casas regionais em Lisboa como lugares de cultura popular tradicional portuguesa.

Estes espaços, referiu, nasceram a partir das “gentes que vieram para Lisboa” trabalhar e que procuraram “criar laços de saudosismo e de convívio entre os pares”.

O orgulho sentido pelos portugueses em relação às localidades de onde vinham ilustra o nome do documentário, pois “chieira” significa “vaidade”.

A obra intercala passado e presente, com imagens históricas e atuais de atividades destas associações, e com entrevistas aos presidentes das casas do Minho e dos Açores.

O filme já ganhou dois prémios internacionais: foi distinguido na edição junho/julho de 2022 como Melhor Documentário no White Unicorn International Film Festival, na Índia, e venceu a categoria de Melhor Documentário Curto na edição de julho deste ano do Rome Prisma Film Awards, em Itália.

O autor do documentário, que é também presidente da Casa do Concelho de Castro Daire (distrito de Viseu), em Lisboa, explicou que estas associações dinamizavam, no século XX, a vida cultural da cidade, servindo “até como clubes de baile”, além, por exemplo, dos desfiles de ranchos folclóricos.

As casas regionais preocupam-se hoje em dia “não só com a divulgação da região” e das suas tradições, mas também com as “necessidades locais” de Lisboa, visto que “estão no terreno e com as pessoas”, referiu o realizador.

Em 2018, Luís Esteves mapeou 30 casas regionais na capital e com instalações próprias, embora realce que existem comunidades ‘online’, outras fora do concelho e que algumas fecharam nos últimos anos por dificuldades internas ou pela pressão imobiliária.

O investigador mostrou-se preocupado com a perda da multiculturalidade nacional, recordando que “hoje em dia [de fala de] uma Lisboa globalizada”, mas que “antes de tudo é o berço de um Portugal de norte a sul”.

“Só este ano é que finalmente foram incluídas as casas regionais nas festas da cidade”, disse, apontando um preconceito entre os habitantes das cidades em relação aos espaços rurais.

A apresentação do documentário no sábado começa às 14:40 e vai reunir vários membros de casas regionais em Lisboa, com atuações musicais e a exibição do filme, que por agora não tem divulgação prevista nas salas de cinema.

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