Gulbenkian cria prémio europeu de dança em homenagem a Jorge Salavisa

Resultado de uma parceria da Gulbenkian com seis instituições culturais europeias, o galardão será atribuído de dois em dois anos a bailarinos ou coreógrafos de qualquer parte do mundo, “que demonstrem ter talento ou qualidades especiais que merecem extravasar as suas fronteiras nacionais”, segundo o comunicado da Gulbenkian sobre o prémio.

Com o objetivo de homenagear Jorge Salavisa, diretor artístico do Ballet Gulbenkian entre 1977 e 1996, o prémio vai envolver seis instituições culturais europeias que irão apresentar cada uma três candidaturas de artistas, até um máximo de 21 candidatos.

Destes, serão selecionados e anunciados cinco nomeados, e depois avaliados por um júri independente, composto por três membros de diferentes nacionalidades, ao qual caberá a decisão de escolher o vencedor, indica ainda a Gulbenkian, sobre as normas gerais do prémio.

Com um valor de 150 mil euros, o galardão – com primeira edição se realizará em 2024 – é dirigido a bailarinos ou coreógrafos com talento potencial, mas ainda com pouca visibilidade nos circuitos internacionais, refere a fundação.

O prémio implica ainda a apresentação do laureado nos palcos das instituições culturais da rede de parceiros, segundo a organização.

A cerimónia de entrega do prémio bienal terá como palco a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, decorrendo a primeira edição no dia 27 de novembro de 2024.

“Este prémio europeu de dança quer afirmar-se como um incentivo a artistas jovens, sem categoria etária estritamente definida e ainda pouco visíveis no circuito europeu devido ao seu discurso artístico ou à sua origem social e cultural”, justifica a fundação, sobre o prémio.

Acompanham a Fundação Gulbenkian na constituição do prémio seis instituições, com papel ativo na nomeação dos candidatos e na apresentação pública dos seus trabalhos: ImPulsTanz, Viena (Áustria), K.V.S., Bruxelas (Bélgica), Dansehallerne, Copenhaga (Dinamarca), Maison de la Danse/Biennale de la Danse, Lyon (França), Joint Adventures, Munique (Alemanha), e Sadler’s Wells, Londres (Reino Unido).

Será também parceira do prémio a fundação de Kees Eijrond, antigo diretor-geral da Companhia Rosas da coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker, “grande amigo de Jorge Salavisa e impulsionador” do SEDA, que se fixou em Lisboa.

A Fundação Calouste Gulbenkian criou o Ballet Gulbenkian – ativo entre 1965 e 2005 – uma companhia de reportório por onde passaram obras de referência da dança moderna e contemporânea.

Também promoveu os Encontros ACARTE, no âmbito do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, de 1987 a 2000, um festival internacional de artes performativas que acolheu e coproduziu obras emblemáticas da chamada nova dança europeia e cujo impacto foi determinante para a afirmação da dança independente em Portugal.

Criada em 1956, a Fundação Calouste Gulbenkian atribui regularmente bolsas de formação, apoios à criação, reflexão e pesquisa e apoios à internacionalização de artistas e das suas obras.

Nascido em 1939, Jorge Salavisa iniciou os estudos de dança com Anna Mascolo, tendo prosseguido a sua formação e carreira em Paris e Londres. Trabalhou com grandes nomes do bailado mundial, como Rudolf Nureyev e Margot Fonteyn.

Antes de regressar a Portugal, em 1977, a convite da Gulbenkian, Jorge Salavisa trabalhou com o Grand Ballet du Marquis de Cuevas, o Ballet National Populaire, o Ballet de Paris e o London Festival Ballet, companhia onde foi o primeiro estrangeiro.

Além de diretor artístico do Ballet Gulbenkian, Salavisa foi ainda professor em várias cidades dos Estados Unidos, na Escola de Dança do Conservatório Nacional e professor fundador do P.A.R.T.S. (Performing Arts Research and Training Studios), na Bélgica.

Considerado um dos mais influentes programadores culturais do país, foi responsável pela área de dança de Lisboa’94 — Capital Europeia da Cultura, diretor da Companhia Nacional de Bailado (CNB), diretor do Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, e presidente do conselho de administração do Opart – Organismo de Produção Artística, que tutela o Teatro Nacional de S. Carlos e a CNB.

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