O editor Bernard de Fallois, que morreu em 2018, já em 1954 tinha anunciado os escritos no prefácio que redigiu para a obra de Proust “Jean Santeuil”, agora classificados pela Gallimard como “um Graal Proustiano”.
Quase meio século depois de investigações, os manuscritos foram descobertos nos arquivos de Fallois. Entre os documentos apresentados por Suzy Mante-Proust em 1949, sobrinha de Marcel e filha de Robert Proust, figuravam igualmente “Le mystérieux correspondant et autres nouvelles inédites”, também de Proust e publicada pouco depois da morte de Fallois.
Anteriores a “Contre Saint-Beuve”, “Les Soixante-quinze feuillets” formam um texto e podem ser lidos como um todo. Terão sido escritos em 1908 e configuram as primeiras recolhas de “Em busca do tempo perdido”. Alguns nomes de personagens encontrados nesta obra já aí eram mencionados.
O primeiro capítulo destes folhetins — “Uma tarde no campo” — centra-se em torno da avó de um grande narrador e as primeiras frases dão o tom: “Tínhamos trazido as preciosas poltronas de vime para a varanda porque tinham começado a cair algumas gotas de chuva e depois de terem lutado alguns segundos nas cadeiras de ferro os meus pais vieram sentar-se no abrigo. Mas a minha avó, com os seus cabelos grisalhos ao vento, continuava a sua caminhada rápida e solitária porque ela pensava que nós estávamos no campo para apanhar ar e era uma pena não o aproveitar”.
O livro foi reunido por Nathalie Mauriac e tem prefácio do biógrafo de Proust, Jean-Yves Tadié.
Bernard de Fallois foi também o responsável pela revelação de um romance inédito do escritor, redigido entre 1895 e 1899, “Jean Santeuil”, publicado pela Gallimard em 1952, assim como pela edição de “Against Sainte-Beuve”, em 1954.
Este ano assinala-se os 150.º aniversário de Proust, estando prevista, para o outono de 2022, uma “grande exposição” na Biblioteca Nacional de França, para marcar o centenário da sua morte.
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