"Já tive vários princípios, vários meios e vários novos princípios"

Diana Castro acaba de lançar o seu primeiro álbum, mas a sua carreira na música há muito tempo que teve um início. 

Começou há mais de 14 anos e, desde essa altura que teve vários “princípios”, como explicou ao Notícias ao Minuto a artista que o ano passado participou no Festival da Canção com a música ‘Ginger Ale’, assinada por Joana Espadinha.

O álbum de estreia, ‘princípio, meio e princípio’, retrata por isso bem o que tem sido a sua carreira e vida. Lançou o disco no passado mês de janeiro e o ‘feedback’ não podia ser mais positivo.

A apresentação ao público é feita no dia 10 de março ao Capitólio, em Lisboa. Até lá, será comentadora do Festival da Canção 2023 que começa já este sábado, dia 25 de fevereiro.

Já podemos ouvir o seu álbum de estreia ‘princípio, meio e princípio’. Qual tem sido o feedback?

Tem sido muito bom. É uma sensação maravilhosa sentir que o disco está entregue, que está nas mãos e corações das pessoas. Acho muito giro ver que cada canção tem o seu caminho, e que cada pessoa tem uma canção preferida diferente.

Como surgiu um título tão original?

Surgiu por sentir que este, por ser o meu primeiro disco, é o meu princípio, mas na verdade é um princípio que já vai longo e muito rico. Este não é um disco lançado à pressa num inicio de carreira. As canções que estão nele foram escritas ao longo dos últimos 10 anos e a minha carreira como cantora começou há mais de 14 anos. Ao longo desses anos eu já tive vários princípios, vários meios e vários novos princípios. Na vida e na arte os fins são sempre novos princípios. E claro que precisamos de uma meta para correr, mas, muitas vezes, quando se chega à meta encontra-se só um novo estímulo para começar uma nova corrida.

Li que ‘princípio, meio e princípio’ inspira-se no conceito japonês jo-há-kyu. Pode explicar melhor?

Encontrei-me com esse conceito no teatro, através de uma grande amiga encenadora. Não sou de todo uma conhecedora profunda da cultura japonesa, nem sequer do jo-ha-kyu, mas achei interessante ser um conceito que é transversal a muitas áreas culturais e artísticas e acho que, ainda que não tenha sido intencional logo desde o início, ele me inspirou. Sobretudo quando percebi que o meu disco falava exatamente sobre isto de nascermos e renascermos mil vezes ao longo da vida. 

O jo-ha-kyu é um conceito que define os três momentos de um processo (o nosso ‘princípio, meio e fim’ ou “’introdução, desenvolvimento e conclusão’) com ideias um bocadinho diferentes. Sendo que o primeiro momento ‘jo’ é o mote para qualquer coisa, dá o arranque, estimula um começo. O ‘ha’ é a parte mais lenta do processo, onde surgem as dúvidas, o conflito, as alegrias e as dificuldades, mas também a gasolina mais necessária para que o processo não morra no primeiro obstáculo. E o ‘kyu’ define-se basicamente como um aceleramento dos acontecimentos, a fase mais rápida do processo e que nos lança imediatamente para outro ‘jo’.

No fundo, o ‘fim’ não tem um ponto final, mas sim uma rampa de lançamento para outro princípio. Este conceito aplica-se a uma peça artística no geral, mas também na sua escala mais micro. Por exemplo, numa peça de teatro existe um ‘jo-ha-kyu’ para a peça total, mas também cada cena tem o seu ‘jo-ha-kiu’, e cada fala tem também o seu ‘jo-ha-kiu’. E foi esta a inspiração para o álbum.

Para quem ainda não o ouviu, que sonoridades podemos encontrar no disco?

Tenho neste disco uma enorme mistura das minhas influências. A produção tem por base o acústico e quisemos misturar a canção portuguesa, o folk, o rock e o pop.

No dia 10 de março sobe ao palco do Capitólio para apresentar o seu primeiro álbum. Como está a idealizar esse espetáculo?

É, sem dúvida, o concerto mais emocionante na minha carreira até agora. Vai ser muito especial poder apresentar as canções e contar às pessoas um bocadinho da história que está por trás delas, que é inevitavelmente a minha história. Vamos ter algumas surpresas, claro, mas não posso revelar.

Como foi participar no Festival RTP da Canção 2022 com a canção ‘Ginger Ale’, assinada por Joana Espadinha?

Foi maravilhoso. Fiquei fã do Festival da Canção e de toda a equipa. Da Joana Espadinha já era fã e foi um privilegio trabalhar com ela. Como sou de ideias fixas acredito muito que ainda vou voltar a trabalhar com ela.

E a experiência de acompanhar Maro à Eurovisão?

Inesquecível. Sou muito fã da MARO e desde o início que a ‘Saudade, saudade’ era a minha canção preferida. Além disso, das coisas mais fascinantes desta profissão é trabalharmos com pessoas que admiramos. Claro que o meu projeto a solo é o coração da minha vocação, mas, como músicos, acompanhar outros artistas e mergulhar nos projetos deles é indispensável e são oportunidades de enriquecimento enormes. 

Entretanto, este ano foi convidada para ser comentadora do Festival da Canção. Sente a responsabilidade deste cargo?

Sinto que me vou divertir muito, relembrar a experiência do ano passado e ouvir e apreciar boa música. Para lá disso, é muito bom ver como o Festival procura representar toda a diversidade que está a acontecer na indústria da música em Portugal.

Já tem mais concertos agendados além do Capitólio? Quando e onde?

Para já, o foco está todo no dia 10 de março no Capitólio. Será um dia inesquecível e por isso toda a atenção, para já, está aí. Será um princípio, que dará o mote para muitos outros princípios.

Leia Também: April Ivy: “‘Modo Voo’ é uma música de superação e empoderamento”

Deixe um comentário