João Mota despede-se dos palcos no papel de Freud contra o nazismo

‘Freud e o visitante’, do dramaturgo franco-belga Eric-Emmanuel Schmitt, que regressa a Viena, sob o domínio nazi, pouco antes da partida do precursor da psicanálise para o exílio, é a peça com que o ator nascido em Tomar — e que se estreou como ator aos 14 anos — põe fim a uma carreira de 64 anos.

A peça tem estreia prevista para 27 de março, Dia Internacional do Teatro, em S. João da Madeira, no âmbito do 14.º Festival de Teatro da cidade e, se tudo correr sem percalços, será retomada no final da primeira de abril, no Teatro da Comuna, em Lisboa.

“Assim a pandemia de covid-19 permita que tudo ocorra como planeámos”, frisou à Lusa Carlos Bernardo, da companhia com sede na Praça de Espanha.

Na peça de Eric-Emmanuel Schmitt, João Mota leva Freud a palco, já debilitado, a viver momentos de agonia.

O dramaturgo a ação em Viena, quando a violência se impõe na sua cidade, após a anexação da Áustria pelas forças nazis de Hitler.

Uma noite, o psicanalista recebe uma visita enigmática. “Quem será? Um louco? Um mágico? Um sonho de Freud ou o seu próprio inconsciente? Como Freud, cada um decidirá, naquela noite louca e séria, quem é o visitante”, lê-se na apresentação do texto.

Escrita em 1993, “Freud e o visitante” é a terceira peça do premiado dramaturgo franco-belga Eric-Emmanuel Schmitt (1960) posta em cena pela Comuna, depois de “Variações Enigmáticas” (2009) e de “O Evangelho segundo Pilatos” (2014).

A peça apresenta “um diálogo filosófico vivo e estimulante” que permite ao espectador entrar nos meandros do pensamento de Freud e refletir sobre as grandes questões da existência.

Ao longo de 17 atos, com entrada e saída de cena de Anna Freud, filha do psicanalista, de um oficial da Gestapo, que persegue Freud, como judeu, e do estranho visitante, é a condição humana, a presença (ou ausência) de Deus, a guerra e crescimento do nazismo e dos seus crimes que determinam a ação e o pensamento que ela impõe.

Com versão cénica de João Mota, a peça contará com interpretações de Carlos Paulo, Hugo Franco e Maria Emília Castanheira.

Sob o título “A Visita”, a peça de Eric-Emmanuel Schmitt teve estreia em Portugal há 20 anos, no Teatro Aberto, do outro lado da avenida Calouste Gulbenkian, à praça de Espanha, em Lisboa, com João Perry como protagonista.

Leia Também: ‘Elo’, de Alexandra Ramires, candidato a nomeações para prémios Quirino

Deixe um comentário