João Pinto Coelho viaja até Auschwitz e pelos trilhos de Sarah Gross

 

De acordo com o grupo editorial Leya, que publica a sua obra, esta iniciativa partiu de um desafio lançado pelos próprios leitores e que o autor aceitou, contando para tal com o apoio do Plano Nacional de Leitura e da LeYa.

“Foi assim, a partir do itinerário de ‘Perguntem a Sarah Gross’, que esta visita foi pensada. Nela, além dos lugares mais populares de Cracóvia — a Cidade Velha, o Palácio Real de Wawel, a Fábrika Schindler, o antigo Gueto ou o bairro judeu de Kazimierz — e, ainda, dos antigos campos de Auschwitz I e Birkenau, iremos conhecer muitos outros, esses por onde passaram Sarah Gross, Henryk e Anna, Daniel e Esther, ou mesmo Max, o Corvo: a cidade de Oswiecim, a Solahutte, o Collegium Novum da Universidade…”, explicou João Pinto Coelho.

A viagem decorrerá de 30 de julho a 04 de agosto, mas o número de interessados em viajar com o autor até à Polónia superou de tal modo as expectativas, que foi necessário organizar uma segunda viagem, que terá lugar entre 04 e 09 de agosto, anunciou a editora.

‘Perguntem a Sarah Gross’, primeiro romance de João Pinto Coelho, publicado em 2015 pela Dom Quixote, foi baseado na própria experiência do escritor, uma vez que, entre 2009 e 2011, fez parte de duas ações do Conselho da Europa que tiveram lugar precisamente em Auschwitz, onde trabalhou de perto com diversos investigadores sobre o Holocausto.

No mesmo período, concebeu e desenvolveu o projeto ‘Auschwitz in 1st Person/A Letter to Meir Berkovich’, que juntou jovens alunos portugueses e polacos e o levou novamente à Polónia e aos campos de concentração e extermínio.

João Pinto Coelho realizou ainda diversas intervenções públicas, uma das quais, como orador, na conferência internacional Portugal e o Holocausto, que teve lugar, em 2012, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 2017, o escritor venceu o Prémio Leya com o seu segundo romance, ‘Os Loucos da Rua Mazur’, igualmente ambientado na Polónia da II Guerra Mundial.

Também aqui a sua experiência serviu de inspiração, como contou João Pinto Coelho na altura, em entrevista à Lusa: ‘Eu ando a fazer investigação sobre o Holocausto há cerca de 30 anos, sobretudo com mais intensidade nos últimos dez ou 12, e isso resultou neste livro. Eu sempre pensei que se um dia viesse a escrever um livro, seria sobre este tema, e veio a acontecer assim”.

‘Os Loucos da Rua Mazur’ conta a história de um conflito que se dá entre dois grupos de vizinhos que conviveram durante séculos, duas comunidades, – os judeus e os cristãos polacos — que resulta numa tragédia e faz parte do conjunto vastíssimo de acontecimentos que se viveram naquele período na Polónia, e que tem a ver com a perseguição dos judeus”, além do que foi a perseguição nazi.

Através deste livro, o autor quis mostrar “que os perpetradores não foram apenas os alemães, mas sim outros atores, os chamados atores improváveis”, como o próprio explicou.

João Pinto Coelho nasceu em Londres, em 1967, licenciou-se em Arquitetura, em 1992, e viveu a maior parte da sua vida em Lisboa.

Passou diversas temporadas nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar num teatro profissional perto de Nova Iorque e dos cenários que também são evocados em ‘Perguntem a Sarah Gross’, que foi finalista do Prémio LeYa em 2014, nomeado para Melhor Livro de Ficção Narrativa em 2015 pela SPA e escolhido para representar Portugal, em 2016, no Festival do Primeiro Romance de Chambéry.

Com ‘Os Loucos da Rua Mazur’, o escritor foi também finalista do Prémio Fernando Namora e semifinalista do Prémio Oceanos.

O seu mais recente romance, ‘Um Tempo a Fingir’, publicado em 2020, tem em comum com os anteriores a perseguição aos judeus na Europa em meados do século XX, e conta a história trágica de uma jovem judia em plena Itália fascista.

 

 

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