Livro com 100 lendas da Região de Coimbra teve determinante ajuda local

 

Intitulada ‘Lendário – 100 Lendas da Região de Coimbra’, a obra, promovida pela Fundação Inatel, é da autoria do investigador João Pinho, com ilustrações originais de Victor Costa, e será apresentada publicamente na quinta-feira.

“Este é um património imaterial da nossa região, que já vem de há muitos séculos na grande parte dos casos, e que interessava compilar, coligir todas as versões e bibliografia que estava muito dispersa. Em alguns casos, fomos buscar lendas que são recriadas pelas freguesias, pelas coletividades, pela comunidade, mas não estão redigidas em sitio nenhum”, disse à agência Lusa Bruno Paixão, diretor da Fundação Inatel em Coimbra.

Ao longo dos dois anos que o livro demorou a ser concretizado aderiram ao projeto 18 municípios dos 19 que compõem a CIM/RC, já que a autarquia de Coimbra não se associou: “Fomos bater às portas, muitas vezes ajudados por presidentes de junta, pelos gabinetes culturais dos municípios. E andámos, em muitos casos, a bater de porta em porta, para saber quem são os movimentos que ainda vão recriando as lendas, por exemplo, nas festas das freguesias”, explicou Bruno Paixão.

O projeto começou, assim, pela “investigação das lendas”, mesmo se estas “não têm o intuito de corresponder à factualidade”, adiantou.

“Também temos lendas factuais. Mas muitas outras que não o são, inclusivamente o território geográfico e o momento histórico são inconciliáveis, são lendas que foram apropriadas pelas comunidades há muitos séculos”, observou Bruno Paixão.

Para além do autor João Pinho, “um investigador que tem um percurso muito longo também em torno deste espetro histórico que são as lendas”, e do ilustrador Victor Costa – a cada lenda, no livro, corresponde uma ilustração, resultando, assim, em 100 textos e outras tantas imagens ilustradas – a obra teve a colaboração de dois investigadores da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), Resende de Oliveira (História) e António Rochette (Geografia).

“Deram um contorno académico que abraça todo o percurso histórico e todo o território geográfico, de modo a que as escolas, possam, também, acolher este livro com interesse, naquela parte dos seus currículos que são mais territoriais”, argumentou Bruno Paixão.

Para além do texto e ilustração, cada lenda tem associado um ‘QR Code’ (código digital que pode ser lido pelas câmaras de ‘smartphones’ e ‘tablets’, resultando em informação associada): “Podemos atribuir a cada lenda a localização do sítio expectável onde ela poderá ter acontecido ou onde ela é recriada e também aqui a ajuda local foi determinante. Conseguimos adicionar a cada localidade um contributo à sua economia local”, notou.

Defendendo que o projeto agora editado “não seja de folha caduca, seja uma obra de folha persistente e possa viver para lá do livro”, não se extinguindo no dia da apresentação, Bruno Paixão espera que cada município, freguesia ou associação local possam vir a dar “uma certa projeção às lendas da sua comunidade”, por exemplo, “através de diversas performances artísticas, sejam o teatro, a dança, a música, o conto ou a escrita”.

“Fomos buscar muito conhecimento académico, muito conhecimento popular que está guardado nas pessoas e seria imperdoável não os aproveitar da melhor maneira”, enfatizou.

Apesar de a Câmara de Coimbra não ter entrado no projeto, outras entidades localizadas no município – como a FLUC, a Fundação Inês de Castro e a Direção Regional de Cultura do Centro – associaram-se à obra e as lendas de Coimbra, entre as quais as “incontornáveis” do Milagre das Rosas ou Pedro e Inês, estão representadas no livro.

Com cerca de 250 páginas, capa dura e integralmente a cores, a obra vai estar disponível em bibliotecas do território dos 18 municípios parceiros, os quais “vão ter, para si, um número muito generoso de exemplares”.

“Para além disso, porque houve várias pessoas que manifestaram interesse, fizemos uma tiragem um pouco maior (1.200 exemplares) e teremos uma pequena fatia à venda, por 30 euros” cada, acrescentou Bruno Paixão.

“E era muito giro que, a partir deste projeto, outras CIM também fizessem as suas lendas e, às tantas, quando formos a ver, temos as mil lendas de Portugal”, referiu.

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