Lusíadas em "leitura continuada" numa maratona de sete horas em Madrid

A embaixada de Portugal em Espanha, em parceria com a Universidade Complutense de Madrid, promove esta “leitura continuada”, que começou às 11:20 locais e termina quase sete horas depois, às 18:14.

“Quisemos pensar numa forma diferente de comemorar o Dia Mundial da Língua Portuguesa”, disse à Lusa o embaixador de Portugal em Madrid, João Mira Gomes, que confessou ter-se “inspirado” numa prática habitual em Espanha, nomeadamente na “leitura continuada” da obra Dom Quixote de la Mancha, um livro escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes em 1605.

O diplomata português referiu a “complementaridade” entre os dois grandes clássicos, com o espanhol a relatar acontecimentos ocorridos nas planícies de Castela, enquanto o português fazia o mesmo em viagens nos mares de todo o mundo.

A leitura em português e em espanhol decorre lugar na Sala de Atos da Faculdade de Filologia da Universidade Complutense, onde 145 leitores vão, na sua maior parte, subindo ao palco de forma ‘presencial’, tendo também havido algumas participações ‘online’ e outras ‘pré-gravadas’.

Participam nas comemorações em Madrid, entre outros e nestes casos com leituras pré-gravadas, o ministro da Cultura português, Pedro Adão e Silva, os ministros da Educação de Portugal e Espanha, João Costa e Pilar Alegria.

“Este evento é uma forma de promover a língua portuguesa”, afirmou o embaixador de Cabo Verde em Madrid, Ney Cardoso, insistindo que “a melhor forma de proteger a língua é fazer coisas como esta”.

A terceira edição do Dia Mundial da Língua Portuguesa está hoje a ser assinalada através de 139 atividades em 52 países, com Angola e o Brasil a assumirem os principais destaques entre um conjunto de eventos espalhados por quatro continentes.

Este dia, proclamado pela 40.ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em novembro de 2019, comemora-se este ano, pela primeira vez, de forma próxima da normalidade, após as limitações causadas pela pandemia de covid-19 nos últimos dois anos.

A língua portuguesa é a quarta mais falada no mundo como língua materna, a seguir ao mandarim, inglês e espanhol, é falada atualmente por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, 3,7% da população mundial, prevendo as estimativas das Nações Unidas que, em menos de 30 anos, possa alcançar cerca de 400 milhões de falantes.

“Este dia é uma oportunidade para inscrever a língua portuguesa nas diversas agendas globais, sejam elas culturais, académicas, diplomáticas ou até económicas, afirmando-se a sua importância estratégica”, considerou o Governo português, numa nota divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Os Lusíadas, a maior obra de poesia épica em língua portuguesa, foi escrito pelo português Luís Vaz de Camões, provavelmente iniciado em 1556 e concluído em 1571, tendo sido publicada em Lisboa em 1572.

O poema conta histórias sobre as perigosas viagens marítimas e a descoberta de novas terras, povos e culturas, exaltando o heroísmo de Vasco da Gama, um navegador e aventureiro que fez a primeira viagem por mar entre a Europa e a Índia no final do século XV.

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