Maria João Pires e Rui Massena no festival da Deutsche Grammophone

 

O anúncio foi feito pela Deutsche Grammophon na sua página oficial, que acrescenta que o festival será exibido até ao amanhecer do dia 29 de março, na região da Ásia-Pacífico, “refletindo o seu âmbito mundial”.

“Foi muito especial para mim no ano passado, quando tudo estava a fechar e o mundo estava assolado pelo medo de um novo vírus, sentar-me ao meu piano e gravar a Sonata ‘Pathétique’ de Beethoven para o festival virtual da Deutsche Grammophon”, recorda Maria João Pires, que volta a abrir o festival.

A pianista conta que sentiu então que era possível “enviar uma mensagem de compaixão ao mundo através da música”.

“Acredito que as nossas atuações vão oferecer conforto este ano e espero que levem as pessoas a refletir sobre como poderemos construir um futuro melhor, mais justo e mais sustentável”, acrescenta.

Maria João Pires vai dirigir os “seus conhecimentos e a sua longa experiência à Sonata K 332 para Piano de Mozart”, adianta a Deutsche Grammophon.

Rui Massena tocará faixas do seu próximo álbum, “20 Perception”, editado pela Deutsche Grammophon, e do seu álbum de 2016 “Ensemble”.

O festival vai oferecer um espetáculo de mais de 72 horas no canal de YouTube da editora alemã, a partir das 15:00 (hora europeia; 14:00 em Portugal Continental e Madeira), interpretado pelos mestres do teclado do famoso ‘selo amarelo’ e outros artistas do grupo Universal Music.

“Oferece um espetáculo convincente do passado glorioso do piano e de um presente emocionante, através de clássicos favoritos [do público] e de novas partituras contemporâneas”, acrescenta a informação da editora.

O evento deste ano segue-se ao sucesso do primeiro festival do Dia do Piano ‘online’ da Deutsche Grammophone, que atingiu mais de cinco milhões de pessoas, revela a discográfica, especializada à música clássica.

A segunda celebração virtual do Dia Mundial do Piano da Deutsche Grammophon marca um “aniversário agridoce”, com o tema deste ano, “Pianos Abandonados”, a evocar o encerramento de salas de concerto e eventos musicais durante a pandemia do coronavírus.

Alguns dos pianistas que participam no festival deste ano optaram por regressar a estes instrumentos “abandonados” e despertá-los para as suas atuações, pretendendo deste modo enviar uma mensagem de esperança de que os pianos, os pianistas e o público se reúnam em breve.

“Os amantes da música em todo o mundo poderão explorar as infinitas qualidades expressivas, personagens e humores do piano ao longo do festival virtual da Deutsche Grammophone”, afirmou o presidente da editora, Clemens Trautmann, citado no ‘site’.

“Com tantos grandes artistas a tocar uma tão vasta gama de música, este programa tem um verdadeiro sentimento de festival. Estamos encantados por fazer parte do Dia Mundial do Piano e partilhar a sua visão de espalhar alegria através da execução e audição da música” para este instrumento, acrescentou.

Os destaques do programa incluem clássicos executados por artistas de destaque, que incluem, além de Maria João Pires, o maestro e pianista Yannick Nézet-Séguin, que explora o lado lírico do instrumento com o Momento Musical Op. 16 n.º 3, de Rachmaninoff e, depois com, “D’après Hopper”, do compositor franco-canadiano Éric Champagne.

Alice Sara Ott opta também pelo lirismo, interpretando uma transcrição da canção de Richard Strauss “Morgen”, enquanto Jan Lisiecki, um dos grandes intérpretes de Chopin da atualidade, apresenta dois dos “Noturnos” do compositor.

Lang Lang vai tocar a transcrição de Wilhelm Kempff para piano solo da “Siciliana”, da Sonata de J.S. Bach para flauta, Rudolf Buchbinder apresentará uma paráfrase da das transcrições e paráfrases de Alfred Grünfeld sobre a opereta “Die Fledermaus” (“O Morcego”), de Johann Strauss II, depois do qual Kit Armstrong toca os seus próprios “Études de dessin” (2017).

A atuação de Kirill Gerstein, com obras de Thomas Adès, do recém-falecido Chick Corea e da compositora brasileira Chiquinha Gonzaga, é seguida de Daniil Trifonov, vencedor do Grammy, que apresenta a versão em piano da cantata “Herz und Mund und Tat und Leben” (“Jesu, joy of man’s desiring”/”Jesus, alegrai dos homens”), de Bach.

Seong-Jin Cho escolheu o “Impromptu N.º 1”, de Chopin, enquanto as irmãs Katia e Marielle Labèque conjugam a paixão de “Are you in love, Agathe?” com o íntimo “Terrible Interlude”, duas sequências de “Les enfants terribles”, de Philip Glass.

Quanto à seleção de obras contemporâneas interpretadas pelos seus compositores, atuarão, além de Rui Massena, Joep Beving, com três peças – “Losar”, a versão para piano de “Setembro”, e “Sleeping Lotus” -, Chad Lawson, com “Stay” e “Prelude in D major” do seu álbum para piano solo “You Finally Knew”, Rob Lowe, com “Rose in Abstract” e “Evening”, dos álbuns “The Wind e “Time in the Hand (Sonata “Pathétique” No. 8, Op. 13) – Beethoven Recomposed”, e Yiruma, com três peças, incluindo “Room with a View”.

O Dia Mundial do Piano foi fundado pelo compositor, intérprete e produtor discográfico alemão Nils Frahm, em 2015. Realiza-se anualmente no 88.º dia do ano, simbólico do número de teclas de um atual piano de concerto.

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