Ministra da Cultura lembra jornalista e poeta discreto e rigoroso

Graça Fonseca lembrou Henrique Segurado Pavão como um dos autores da Távola Redonda, projeto editorial que o uniu a António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira, Alberto Lacerda e Luís de Macedo, assim como da Graal, de Couto Viana, duas revistas que, “no início dos anos cinquenta, marcaram a poesia portuguesa, com uma linha editorial inovadora e conscientemente atenta quer à grande tradição lírica nacional, quer à influência dos grandes poetas estrangeiros da primeira metade do século XX”.

A ministra, que tem igualmente a tutela da Comunicação Social, recordou ainda o percurso do jornalista, iniciado em 1956 no matutino O Século, assim como a sua passagem pelos vespertinos Diário de Lisboa e República e por publicações como a Gazeta Musical e de Todas as Artes, o JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias e a revista Colóquio/Letras.

Graça Fonseca destacou a presença de Henrique Segurado entre os sócios fundadores do semanário O Jornal, fundado em 1975 e que se manteve nas bancas até 1992, no qual chegou a desempenhar funções de administrador.

A partir de O Jornal, que viria a estar na origem à revista Visão, o grupo ProJornal expandir-se-ia, envolvendo títulos como o semanário de espetáculos Se7e, o JL, o Jornal da Educação, a revista História e a editora livreira que publicou autores como Álvaro Guerra, José Cardoso Pires, Maria Velho da Costa, Gabriel García Márquez.

O percurso profissional de Henrique Segurado Pavão ficou também ligado à atividade livreira, com a abertura, em Lisboa, a partir de 1976, das livrarias Castil-Castilho, Castil-Alvalade, Castil-Benfica e Castil-América, às quais se juntaram depois a AZ-Olivais e a AZ-Bom Sucesso, no Porto, estas duas últimas em colaboração com o grupo Valentim de Carvalho.

“Poeta discreto, mas rigoroso e musical”, como Graça Fonseca o descreve, Henrique Segurado é autor de ‘Emigrantes do Céu'(1953), ‘Asa de Mosca’ (1960) e ‘Ressentimento Dum Ocidental’ (1970).

Em 2011, publicou ‘Almocreve das Palavras’, que reuniu a sua poesia de 1969 a 1989, numa edição de Joana Morais Varela, com desenhos do artista plástico Rui Sanches, a que se seguiu ‘Debaixo das Tílias’, em 2012, com a produção poética de 1990 e 2010.

‘O Avesso do Império: poesia’ é o seu derradeiro livro, publicado em 2016.

O escritor está representado em antologias de poesia, entre as quais ‘800 Anos de Poesia Portuguesa’ (1973), organizada por Orlando Neves e Serafim Ferreira, ‘A Terra e o Homem: Antologia de Textos de Escritores do Século XX’ (1978), organizada por David Mourão-Ferreira, e em ‘Memória Poética da Guerra Colonial’ (2011), organizada por Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi.

Henrique Jorge Segurado Pavão, que morreu hoje, em Lisboa, aos 90 anos, nasceu na capital portuguesa no dia 06 de abril de 1930. Como jornalista, assinava Henrique Pavão; como poeta, Henrique Segurado.

As cerimónias fúnebres do poeta e jornalista realizam-se no sábado, na Basílica da Estrela, em Lisboa, de onde o funeral partirá, depois das 16h00, para o Cemitério do Alto S. João, disse a família à Lusa.

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