Morreu o escultor Manuel Sousa Pereira

Em comunicado, a cooperativa “lamenta profundamente” a morte do “escultor Manuel Sousa Pereira, [que] ficará para sempre na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de o conhecer”, e recorda a presença assídua do artista na sua oficina de cerâmica, onde criou uma das suas derradeiras obras, um presépio para o último Natal.

Também a Câmara Municipal de Vila do Conde, em comunicado, anunciou a morte do escultor, que lamentou, recordando “uma vasta e marcante obra”, sobretudo no espaço público, “admirada no país, no estrangeiro e particularmente em Vila do Conde”.

“Uma das suas obras mais emblemáticas na nossa cidade é o monumento dedicado aos trabalhadores vilacondenses que contribuíram para a expansão da cidade, inaugurado em 2002. As três figuras, construídas à escala humana, representam um carpinteiro, um trolha e um pedreiro”, lê-se no comunicado da autarquia.

A edilidade salienta a carreira docente do escultor, na cidade, recordando que Manuel Sousa Pereira “também é uma referência no ensino vilacondense, tendo lecionado durante muitos anos na Escola Secundária José Régio”, a partir de 1977.

A escola guarda, aliás, um retrato escultórico do poeta, de autoria de Sousa Pereira.

Além de Vila do Conde, a obra do escultor é visível noutros municípios, nomeadamente em Cantanhede, S. João da Madeira e em Matosinhos, onde se encontra uma escultura na avenida Afonso Henriques, de homenagem ao ator João Guedes, e em Vila Nova da Cerveira, município para o qual concebeu o memorial em bronze aos heróis do Ultramar, em 2008, que viria a ser roubado, e que o próprio escultor repôs, em 2014, com uma nova obra.

Manuel Sousa Pereira nasceu no Porto, em 1939, cidade onde se licenciou na Escola Superior de Belas Artes, e expôs em Portugal e no estrangeiro.

Em 1993, venceu o Prémio Secil de Escultura (com Amândio Abreu de Sousa), com obras concebidas para Braga.

O artista foi assistente, durante mais de 20 anos, do escultor José Rodrigues, destacando-se, nesta colaboração, a escultura “Lei”, que figura na principal sala de audiências do Tribunal de Vila do Conde.

Foi coautor de textos do catálogo “Silêncio no atelier”, dedicado a José Rodrigues, publicado em 2018.

A Fundação Escultor José Rodrigues lamentou hoje a morte de Manuel Sousa Pereira: “Estarás sempre na nossa memória e no coração, meu querido amigo (…). Com saudades imensas de todos (…). Um abraço e coragem para os familiares”, lê-se na página da instituição no facebook, ilustradas com uma imagem de ateliê, onde se cruzam os dois artistas.

O ator e encenador Júlio Gago, antigo diretor do Teatro Experimental do Porto, sublinhou a “brutalidade destas notícias [que] continuam a chegar”: “Morreu o Grande Escultor Manuel de Sousa Pereira”.

Júlio Gago recorda as “obras espalhadas um pouco por todo o País, com destaque” para a terra natal do escultor, Vila do Conde, e em particular a homenagem ao ator João Guedes, em Matosinhos, “e aos seus amigos Augusto Gomes e Júlios Gesta”.

A Fundação Bienal de Arte de Cerveira também manifestou pesar, na sua página, com a imagem de uma obra do escultor.

Nas redes sociais, antigos alunos e artistas lamentam igualmente a morte de Manuel Sousa Pereira, recordando o seu gesto no desenho, o seu gosto por jazz e pelas viagens de mota.

“Era um ser humano maravilhoso e grande escultor”, escreve a artista Isabel Lhano.

“Lá para cima contam com mais um grande Homem, um grande Pedagogo, um grande Escultor, que ninguém por aqui esquecerá”, escreveu o pintor e professor de arte António Vieira da Silva.

Manuel Sousa Pereira é o pai do jornalista da agência Lusa Pedro Sousa Pereira.

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