Museu de Arte e Arquitetura confronta visitantes com pegada ecológica

 

A nova programação, composta pelas exposições ‘Earth Bits’, ‘Aquaria‘ e ‘X não é um país pequeno’, além do trabalho de um Coletivo Climático, começa em março do próximo ano, e ficará patente até setembro, anunciou hoje a diretora, Beatrice Leanza, numa conferência de imprensa ´online´.

“Vamos mudar completamente os espaços do museu com estas novas exposições, incluindo uma instalação de larga escala, resultado do cruzamento do design e das artes visuais, para mostrar ao público, com bases científicas, as implicações dos impactos tecnológicos e ambientais do consumo e vivência humana no planeta”, disse a responsável.

A nova temporada do MAAT, com abertura a 18 de março de 2021, visa “envolver os visitantes no importante debate atual sobre o comportamento humano e o seu impacto ambiental”, com base em “vozes de várias áreas“, das artes, arquitetura, ciência e tecnologia.

“Vivemos tempos críticos, e os museus são arenas públicas que devem servir para o debate dos temas atuais. As questões ambientais são fundamentais para a nossa sobrevivência”, justificou Beatrice Leanza, questionada pela agência Lusa sobre as razões da opção por este tema dominante na programação.

Em consonância, anunciou que as exposições se manterão durante cinco meses: “Não é ecológico apresentar exposições por períodos curtos, para poucos meses. Por isso decidimos que estas irão ficar até setembro de 2021, e depois faremos nova programação”, acrescentou.

Além das novas exposições, começará o MAAT Explorations, um programa de longo prazo focado no tema da ação climática, com exposições e programas para públicos que incluem um recém-formado Coletivo Climático, e um projeto com a duração de um ano, com curadoria de T.J. Demos.

Sobre o impacto da atual pandemia no MAAT, desde que reabriu, em junho – após cinco meses em obras devido a danos provocados pelo mau tempo e adaptação à programação deste ano – a diretora do museu disse que a atividade ´online´ se “manteve muito intensa”.

“A atividade dos museus em todo o mundo baixou para 20% da sua capacidade devido à pandemia, e o MAAT não é exceção. As novas medidas restritivas e o começo do inverno não estão a ajudar, mas estou confiante que as pessoas vão voltar. Vai ser um desafio interessante para todos”, declarou a diretora italiana, que iniciou funções no MAAT em setembro de 2019, sublinhando que o plano de contingência do MAAT, “tem sido muito eficaz” para enfrentar o vírus covid-19.

A partir de março de 2021, os visitantes vão poder ver ‘Earth Bits – Sentir o Planeta’, uma exposição desenvolvida pelo estúdio de design dotdotdot, com a colaboração científica da Agência Espacial Europeia (ESA), da Agência Internacional de Energia (IEA), e o apoio da EDP Inovação e da Direção de Sustentabilidade do Grupo EDP.

Esta instalação de quatro partes é uma viagem impulsionada por dados com apresentações gráficas e digitais, vídeos animados e uma estação interativa que comparam as saídas energéticas de ações individuais e coletivas a nível ambiental, desde o uso da energia ao estilo de vida.

Aquaria – Ou a ilusão de um mar fechado’, com curadoria de Angela Rui e design expositivo do estúdio 2050+ de Ippolito Pestellini Laparelli, é uma exposição que inclui um filme comissariado a Armin Linke, e um programa público desenvolvido em colaboração com a TBA21-Academy.

Esta mostra reflete como está a ser explorado o mundo marinho, e as novas relações que se podem estabelecer com esta dimensão da natureza, através de 11 instalações de artistas, designers, cineastas, compositores e investigadores: Revital Cohen & Tuur Van Balen, Julien Creuzet, Simon Denny, Marjolijn Dijckman & Toril Johannessen, Michela De Mattei, Alice Dos Reis, Eva Jack, Joan Jonas, Armin Linke, Superflex e Stef Valdhuis foram os convidados a participar.

Como parte da exposição, foi encomendado um filme a Armin Linke, realizado com a colaboração e dentro dos bastidores do Oceanário de Lisboa, que examina a multidimensionalidade da arquitetura aquática, descoberta através de tecnologia escondida.

A terceira exposição intitula-se ‘X não é um país pequeno – Desvendar a Era Pós-Global’, tem curadoria de Aric Chen com Martina Muzi, e apresenta nove novas instalações, com design expositivo de Bureau.

O futuro coletivo continua em foco nesta mostra, e ainda com profissionais de diversos pontos do mundo, que trabalham em design, arquitetura e arte, investigando a partir de múltiplas perspetivas geográficas, nomeadamente territórios, cidades, infraestruturas, plataformas e objetos.

O título desta exposição refere-se a um cartaz icónico de 1934 – ‘Portugal não é um país pequeno’ – de Henrique Galvão, que promovia a ideia de nacionalista do Estado Novo, de Portugal como uma nação “pluricontinental“, cujas possessões ultramarinas não eram colónias, mas sim partes integrantes do território soberano.

As formas como muitas destas antigas relações coloniais foram alteradas formaram um ponto de partida para a exposição que conta com projetos de Bard Studio (Rupali Gupte e Prasad Shetty), Bricklab (Abdulrahman Hisham Gazzaz e Turki Hisham Gazzaz), Ibiye Camp, Revital Cohen e Tuur van Balen, He Jing, Liam Young, Paulo Moreira, Rael San Fratello Studio (Ronald Rael and Virginia San Fratello), e Wolfgang Tillmans.

Fonte da Fundação EDP contactada pela Lusa sobre o horário do museu, indicou que o fim de semana de 19/20 de dezembro está definido “de acordo com as medidas anunciadas pelo executivo, para o estado de emergência”.

“Os horários dos próximos fins de semana serão disponibilizados quando for feita a reavaliação do estado de emergência pelo Governo. Os horários do museu mantêm-se os mesmos, de segunda a sexta, das 11h00 às 19h00, encerrando às terças-feiras”, acrescentou.

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