Museu Nacional de Soares dos Reis assinala 150 anos de "O Desterrado"

A partir de sábado, o Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), no Porto, vai expor as pinturas de “Azul no Azul — Estudos sobre os 150 anos de ‘O Desterrado'”, de Nelson Ferreira, bem como exibir o filme “Azul no Azul”, de Gianmarco Donaggio.

Em declarações à Lusa, o diretor do MNSR, António Ponte, realçou que a apresentação da exposição e do filme pretende lançar um “novo olhar sobre ‘O Desterrado'”, uma vez que, apesar de não ser um museu com uma vocação contemporânea “interessa que as peças [do MNSR] sejam relidas e reinterpretadas por artistas contemporâneos”.

“Esta exposição no Porto revela bem o quanto a obra de Soares dos Reis influencia a criação de artistas contemporâneos, pois é uma obra intemporal, arquétipa. Para Nelson Ferreira, o conhecimento profundo do paradigma clássico é essencial para fazer arte que seja também intemporal, como ‘O Desterrado'”, pode ler-se num texto enviado à Lusa pelo artista.

Questionado sobre a forma como encara hoje “O Desterrado”, uma das principais peças da coleção do MNSR, António Ponte sublinhou a intemporalidade da obra, que é “eterna e que representa todo um conjunto de pessoas afastadas, deslocadas”, remetendo hoje para os conflitos sociais ligados às migrações, em vários pontos do mundo.

O diretor do museu lembrou que, apesar de estar ainda em fase de renovação da exposição permanente, a instituição mantém “O Desterrado” “no seu lugar de sempre”, na galeria das esculturas.

Criada em 1872 como prova final de Soares dos Reis na Academia de Roma, enquanto pensionista do Estado no estrangeiro, “O Desterrado”, com 1,78 metros e 68 centímetros de largura feito em mármore de Carrara, retrata um jovem nu, sentado num rochedo, com o pé direito preso atrás do gémeo esquerdo. A expressão é uma “de saudade”, como disse António Ponte.

Classificado como Tesouro Nacional, “O Desterrado” fez parte da 11.ª exposição da Academia Portuense de Belas Artes e ganhou a medalha de ouro da Exposição Internacional de Madrid de 1881, de acordo com a entrada da obra no inventário MatrizNet, da Direção-Geral do Património Cultural.

António Soares dos Reis nasceu em Vila Nova de Gaia em 1847, formou-se na Academia Portuense de Belas Artes, onde veio, mais tarde, a dar aulas, e foi pensionista em Paris, antes de seguir para Roma. O artista morreu por suicídio em 1889.

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