Em declarações à agência Lusa, Arnaldo Antunes referiu que Luiz Inácio Lula da Silva “está no caminho certo”, com “outro jeito de fazer política, não tratando os adversários políticos como inimigos mortais” e conseguindo construir um “ambiente mais tolerante”.
“Claro que demanda tempo para conseguir reconstruir as políticas públicas. Mas isso vem sendo feito de uma maneira muito eficaz”, afirmou o músico, que esteve na terça-feira, em Viseu, a apresentar o espetáculo “Lágrimas no mar” e está hoje, em Lisboa, com a banda rock Titãs.
No seu entender, enquanto Jair Bolsonaro era Presidente da República “criou-se uma cultura de ódio muito grande”.
“O Brasil teve quatro anos de retrocesso muito grande com esse Governo de extrema-direita e foi um período muito triste, difícil e sofrido para todos nós, em todas as áreas. Houve retrocesso na educação, na cultura, nos direitos humanos, enfim, na convivência com a diversidade”, lamentou.
Com a eleição de Lula da Silva, os brasileiros podem “respirar um pouco mais aliviados”, apesar de ser preciso ainda “um trabalho de reconstrução muito grande”.
“Há questões muito críticas, principalmente no meio ambiente e na proteção dos povos indígenas. São muitas áreas a serem trabalhadas e reconstruídas a partir desse momento de eleição de um governo mais democrático”, sublinhou.
Arnaldo Antunes disse à Lusa que, “se Bolsonaro se reelegesse”, hoje estaria a viver-se “uma situação terrível para o Brasil e para o mundo”.
“Bolsonaro foi terrível em muitos aspetos, o estrago é muito profundo. Era uma ameaça também de crescimento da extrema-direita, que não é um fenómeno só do Brasil, mas um fenómeno que ameaça a democracia no mundo todo. De certa forma, estamos a conseguir defender a democracia com a não reeleição dele”, frisou.
O músico de 63 anos, mais conhecido em Portugal pela sua participação no trio Tribalistas (com Marisa Monte e Carlinhos Brown), disse ter esperança de que na Argentina não vença o candidato de extrema-direita Javier Milei e que Donald Trump nunca se consiga eleger novamente nos Estados Unidos da América.
“Temos assistido a uma série de governos de tendência autoritária, fascista. Ficamos muito preocupados, porque não esperávamos que o mundo caminhasse nessa direção”, afirmou Arnaldo Antunes, apelando a uma batalha “pelas liberdades democráticas, pela tolerância, pela defesa do meio ambiente ameaçado no planeta inteiro”.
Em parceria com o pianista Vítor Araújo, Arnaldo Antunes esteve na terça-feira em Viseu a apresentar “Lágrimas no mar” e encheu a sala do Teatro Viriato, depois de ter passado pela Corunha e por Roma.
Hoje, o músico atua em Lisboa, na Altice Arena, no âmbito do espetáculo “Titãs Encontro”.
O espetáculo integra a digressão comemorativa dos quarenta anos de carreira da banda Titãs, que inclui também os músicos Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Brito e Tony Bellotto.
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