"Não há adeus para quem tanto fez" dizem músicos nas redes sociais

 

“Não há adeus para quem tanto fez! Obrigado, Carlos”, garante o produtor, músico, cantor, compositor Jorge Fernando, enquanto Pedro Moutinho, o criador de ‘O Fado Em Nós’, escreve um “obrigado por tudo”, no Facebook, à semelhança da cantora e compositora Aldina Duarte, assim como de Áurea: “Obrigada, Carlos do Carmo”.

Os testemunhos de homenagem vão no entanto além do fado, vão da música popular à ligeira, do rock ao jazz e à música contemporânea, reunindo nomes como Ana Bacalhau, António Manuel Ribeiro, Carlão, Carminho, Carolina Deslandes, David Fonseca, Dino D’Santiago, Emanuel, Jel, José Cid, Luiz Caracol, Marco Rodrigues, Pedro Abrunhosa.

O compositor António Pinho Vargas, na sua página no Facebook, recorda um concerto em Amesterdão, em 1989, do seu quarteto, com os músicos José Nogueira, Pedro e Mário Barreiros, quando Carlos do Carmo e José Mario Branco (1942-2019) insistiram em juntar-se a eles, para cantarem “Olhos Molhados”, na sala Paradiso, repleta de público.

“Então mostraram-me que aquela música era também uma canção: uma aparição celeste, uma inesquecível emoção, arrepios fundos; ouvir aquela música e viver aquelas palavras ditas e cantadas naquelas vozes únicas e sem igual. Ficámos amigos para sempre. Hoje, ‘olhos molhados’ reais para eles e pela memória dele”, escreve o compositor de ‘Six Portraits of Pain’.

O músico David Fonseca, por seu lado, lembra no Twitter que “o país inteiro morava na voz” de Carlos do Carmo. “Um músico extraordinário, um ‘gentleman’”.

Dino D’Santiago usou o Instagram: “Lisboa perdeu o seu Homem…o Mundo perdeu o seu Verbo”.

José Cid, o segundo músico português distinguido com um Grammy Latino de carreira, depois de Carlos do Carmo, escolheu também o Facebook para expressar a perda: “Meu grande amigo! Vais deixar saudades! Já tenho saudades! Estás sempre presente! Adeus amigo! Até ao dia em que nos encontrarmos de novo no Além!”

António Manuel Ribeiro assina o texto na página dos UHF: “Carlos do Carmo — nem elogio fúnebre nem obituário. Apenas as memórias que guardo do homem que conheci em 1979. Estivemos juntos na fundação de uma cooperativa dedicada ao espectáculo, a CantarAbril (…). Ouvi os conselhos do homem de saber e cultura com a palavra justa para os mais novos, como os UHF. (…) Intérprete maior da verdadeira canção de Lisboa recuperou com mestria e subtileza diplomática o fado (…). Ergam as palmas para Carlos do Carmo”.

Carlão recorda a presença do fadista nas tertúlias “Directo Da Fonte”, que co-organizou em Almada: “Fez questão de aparecer e brindar-nos com algumas das suas histórias (que vida tão cheia e que exímio contador)… A calma, a doçura, o carisma e, claro, a Voz, fizeram dele um dos gigantes da nossa história. Que privilégio, o meu, naquele dia”.

Emanuel, por seu lado, usa também o Facebook, para sublinhar a importância de Carlos do Carmo: “O meu modelo, o meu exemplo de como ser artista. (…) Um dos maiores da historia da música portuguesa. Homem de grande nobreza mas simultaneamente humilde. Homem cultíssimo, mas de natureza simples. Artista de voz cristalina e personalidade que usava como poucos para comunicar emoções”.

“Foi-se embora um dos Homens que me fez apaixonar pelo Fado”, escreveu o fadista Marco Rodrigues, na rede social Facebook. “Perdi um amigo, que me alimentou o sonho de ser Fadista. O Homem que tanto me ensinou, que me ofereceu toda a sua sabedoria e amizade. Só não é maior a dor e a perda porque é tão grande o legado e tudo o que nos deixou. Obrigado, meu querido amigo. Muito obrigado Carlos do Carmo”, concluiu o cantor de “Fados do Fado”.

No Instagram, Luiz Caracol recorda “Carlos do Carmo, o eterno homem na cidade”: “Muitas foram as histo´rias e os ensinamentos, assim como muita foi a simpatia e a amizade que sempre teve para comigo. Hoje e´ um dia triste para todos nós, para o fado e para a mu´sica portuguesa, que perdeu um dos seus maiores inte´rpretes de sempre”.

A fadista Carminho afirma, também no Instagram: “O que [Carlos do Carmo] deixa ao País é de valor indiscritível“. E Sara Correia garante que “o poder das suas palavras, enquanto cantava, era um constante ensinamento”.

O músico Diogo Clemente usou igualmente as redes sociais para recordar o fadista: “Não sei ainda muito bem a quantidade de significados que perder o Carlos tem dentro de mim e de todos nós, portugueses, fadistas, cidadãos, sonhadores, artistas e todas as dimensões onde a imagem, vida, presença e obra do Carlos são diariamente um pilar”.

“Para cantar um poema é preciso entender as suas palavras. Para eterniza-lo é preciso entender os seus silêncios”, escreveu Carolina Deslandes no Instagram, sobre Carlos do Carmo.

A cantora Ana Bacalhau, vocalista dos Deolinda, falou deste “amanhecer tão triste”, na sua página no Facebook. “A sua Arte, o seu Canto serão sempre uma influência maior na minha vida e na vida de tantos. Obrigada, Carlos do Carmo”, escreveu.

No Facebook, Pedro Abrunhosa dirige-se diretamente ao cantor: “Agora, no dealbar da esperança, decidiste ir trovar aos deuses. Sortudos eles que beberão da tua voz que sempre lhes pertenceu (…). Das nossas noites em átrios de hotel, camarins ou na poltrona de tua casa fica-me a sensação de um Fado inacabado onde a tua voz ressoa como deve a voz de um Deus verdadeiro. Agradeço as janelas que deixaste abertas para que outros como eu possam admirar como estão belas as ruas, como o Campo Grande refulge do teu eco”.

O músico Jel preferiu o Twitter: “Descansa em paz, Gigante Carlos do Carmo”.

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