Novo diretor quer transformar Conímbriga num ‘cluster’ experimental

“Vejo Conímbriga essencialmente como um campo arqueológico em progresso. Para além do museu[nacional], das ruínas e do território, acho que o grande legado que podemos transmitir às novas gerações é preservar bem as ruínas, investigá-las e compreendê-las bem, com metodologias científicas”, disse Vítor Dias à agência Lusa.

Em funções desde 01 de abril, o arqueólogo e investigador ambiciona “ter a capacidade de seduzir professores e alunos para interdisciplinarmente darem um contributo ao sítio”, tendo em conta a proximidade geográfica com Coimbra.

Salientando que “a arqueologia se impõe por si”, o responsável frisou que “Conímbriga tem conseguido, nas últimas décadas, à custa de um trabalho de grande qualidade, ser uma marca nacional com reconhecimento internacional”.

“Acho que é perfeitamente possível desenvolvermos este ‘cluster’ experimental de ciência, porque o passado credibiliza-nos”, sublinhou Vítor Dias, referindo que o Museu de Conímbriga pretende ser “um parceiro de cultura, ciência e conhecimento, que não pode ser omitido na região”.

O diretor do Museu considera que o complexo das ruínas romanas é o local “certo” para apostar na transição digital e geracional, “fatores chave para nos conseguirmos readaptar às novas realidades”.

“Este é um campo arqueológico em progresso e, na verdade essa adaptação geracional e tecnológica vai acontecer aqui de forma instintiva, pois é um sítio perfeito para essa transição digital que tanto se fala agora”, referiu.

Segundo Vítor Dias, o complexo das ruínas romanas de Conímbriga tem também a “particularidade” de ser, além de um campo arqueológico, um espaço museológico, desportivo e turístico, que, no ano pré-pandemia da covid-19 (2019), registou cerca de 100 mil visitantes.

Neste momento, estão em fase de conclusão os trabalhos de restauro da muralha, que deverá estar acessível ao público a 18 de maio, dia em que se prevê a reabertura do Museu Monográfico, com uma nova exposição de mais 40 novas peças descobertas nas escavações arqueológicas mais recentes.

As ruínas romanas de Conímbriga, abertas ao público desde 1930, estão classificadas como monumento nacional, sendo uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal, situada a 16 quilómetros de Coimbra.

Mestre em Arqueologia pela Universidade de Coimbra, com especialização em ensino e doutoramento pela Universidade de Évora, o novo diretor do Museu Monográfico de Conímbriga, de 49 anos, trabalhou na extensão de Viseu do Instituto Português de Arqueologia e acompanhou diversas intervenções em gasodutos, parques eólicos e zonas históricas.

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