Obra inédita de José da Felicidade Alves sobre igrejas publicada ‘online’

 

Segundo o CNC, “a inventariação do espólio de José da Felicidade Alves [que morreu em 1998] levou à identificação de um conjunto de volumes manuscritos intitulados ‘Peregrinação pelas Igrejas de Lisboa'”.

O CNC refere que o historiador José Mattoso “contactou pessoalmente alguns investigadores para a elaboração da análise crítica do manuscrito, tendo ficado decidida a sua publicação”, que conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

A edição é coordenada por João Salvado Ribeiro e Abílio Tavares Cardoso.

O CNC desenvolveu, em parceria com o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica, um ‘site’ que centraliza a informação sobre a edição.

José Felicidade Alves (1925-1998) foi um sacerdote católico que esteve à frente da paróquia de Santa Maria de Belém, em Lisboa, de onde foi afastado em finais de 1968, pelo então cardeal patriarca Manuel Cerejeira, devido às suas tomadas de posição muito críticas do regime do Estado Novo, nomeadamente no tocante à política colonial.

Em meados de 1970 foi preso pela polícia política, a PIDEDGS, e, em novembro de 1973, foi julgado e absolvido por um Tribunal Plenário, ao lado de outros oposicionistas como Abílio Tavares Cardoso, Manuel Mendes Mourão e Nuno Teotónio Pereira.

Felicidade Alves, além da vida religiosa da qual foi compulsivamente afastado, efetuou investigação, designadamente sobre a cidade de Lisboa e sobre o período do Renascimento em Portugal, destacando-se a figura de Francisco de Holanda (1517-1585), sobre o qual coordenou e anotou uma coleção constituída por seis títulos publicados entre 1984 e 1989.

Coordenou também a coleção “Cidade de Lisboa”, num total de cinco obras publicadas entre 1987 e 1990. A sua bibliografia inclui ainda três volumes sobre o Mosteiro dos Jerónimos, um livro sobre Jesus de Nazaré (1994), para além das obras “Católicos e Política” (1969), “Pessoas Livres” (1970) e “É Preciso Nascer de Novo” (1970).

Crítico da guerra colonial, do regime da Censura e da polícia política do Estado Novo, Felicidade Alves questionou as estruturas e a doutrina da Igreja Católica, nomeadamente, a catequese.

Em 1970, casou-se pelo Registo Civil, nas Caldas da Rainha, e a 10 de junho de 1998, poucos meses antes de morrer, pela Igreja Católica, num matrimónio celebrado pelo então cardeal patriarca José Policarpo. Desde 1974 militou no Partido Comunista Português.

José Felicidade Alves foi agraciado, em 10 de junho de 1994, com a Comenda da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República Mário Soares, e no ano seguinte recebeu o prémio Júlio de Castilho de Olisipografia, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa.

Deixe um comentário