Obras dos claustros da Sé de Lisboa devem durar até março de 2023

O diretor-geral do Património Cultural, João Carlos Santos, falava na Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto e enfatizou a “urgência de terminar as obras”, manifestando a sua preocupação com a estabilidade da estrutura face ao elevado risco sísmico.

“Ainda hoje, nós temos muito receio da estabilidade estrutural e da vulnerabilidade sísmica que a Sé representa. Os senhores deputados vão ter oportunidade de ver o buraco enorme que temos na Sé e como é que as estruturas estão neste momento penduradas nitidamente”, disse João Carlos Santos, referindo-se à visita dos parlamentares na próxima quinta-feira ao local.

O diretor-geral do Património Cultural realçou: “Para mim, enquanto diretor-geral, claro que me preocupa. Se amanhã houver um acidente, se parte da Sé cair, para a rua, em cima das pessoas, quero ver quem é que é o responsável. Se me perguntam, objetivamente, eu estou preocupado. Portanto o que queremos é terminar a obra”.

O responsável garantiu a “preservação de todas as estruturas arqueológicas encontradas”, islâmicas ou romanas, e frisou que “a escavação arqueológica está concluída”.

O responsável reconheceu que, relativamente ao projeto inicial, houve “enormes alterações”, tendo a presença do betão “diminuído muito”.

“O betão praticamente desapareceu para dar lugar aos vestígios arqueológicos”, afirmou.

João Carlos Santos afirmou ainda que a área técnica prevista diminuiu e mudou de localização, pois em vez de ar condicionado optou-se “apenas por tratamento e renovação de ar”.

O responsável garantiu ainda que esta área técnica “não colide com a zona, a que [se chama] dos arquinhos”, referindo-se ao claustro dionisino (século XIII).

João Carlos Santos realçou a “delicadeza” desta “obra complexa”, num edifício público e classificado como monumento nacional.

Para o diretor-geral do Património Cultural, a classificação dos vestígios não é urgente, lembrando que estes se encontram num espaço já classificado como Monumento Nacional na sua totalidade e declarou: “Os vestígios nunca estiveram tão bem preservados”.

João Carlos Santos respondia às perguntas dos deputados sobre a delonga de uma decisão sobre um requerimento para a classificação dos vestígios que deu entrada na Direção-Geral do Património Cultural em outubro de 2020, subscrito por vários investigadores.

Referindo não haver certezas se os vestígios islâmicos encontrados são da mesquita aljama, o responsável garantiu “a preservação de todos os vestígios” medievais encontrados e disse que está em estudo, no projeto de musealização, uma forma de realçar os “grafitti” encontrados no muro islâmico.

Relativamente ao piso -2, este vai favorecer “a própria estrutura arqueológica”, permitindo ao visitante percorrê-la como se caminhasse numa rua.

João Carlos Santos salientou a topografia do terreno, já que a Sé se encontra numa encosta e, neste sentido, “a visibilidade dos achados [arqueológicos] tem de se enquadrar nos diferentes níveis”.

O diretor-geral deu como exemplo o piso -1 que foi alterado de modo a “se visualizar as estruturas arqueológicas”.

“Tudo foi feito para preservar as estruturas arqueológicas”, garantiu várias vezes aos parlamentares o diretor-geral do Património Cultural.

As obras no claustro da Sé de Lisboa iniciaram-se na década de 1980, com as primeiras escavações, e uma das dificuldades foi a descoberta de sucessivas camadas arqueológicas que a análise estratigráfica não previra, o que levou a interrupções, ao longo dos anos, e à elaboração de diferentes projetos de requalificação do local.

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