‘Ode à Paz’ de Natália Correia inspirou novo álbum do Grupo Olisipo

O Grupo Vocal Olisipo, dirigido por Armando Possante, vai apresentar ao vivo o novo trabalho, ao longo deste mês, em quatro concertos.

Anne Victorino de Almeida compôs ‘Ode à Paz’, sobre um poema de Natália Correia (1923-1993), tendo sido a primeira vez, nos cerca de 30 anos de atividade, que o Grupo Vocal Olisipo encomendou uma obra, disse Possante.

O CD foi “inspirado pelas palavras de Natália Correia”, afirmou à agência Lusa, o barítono e regente Armando Possante.

“Digo que é um amor pela paz, pela vida, pela arte, pela música, pela amizade. Seguramente pelo amor que se sente entre todos os que participaram na sua elaboração, que saem dele mais próximos, mudados para melhor e com um maior anseio pela paz. Faça-se Paz, faça-se luz! [‘Fiat Lux’]”, prosseguiu o barítono.

Possante contou como surgiu a ideia: “A ‘Ode à Paz’ de Natália Correia pareceu-me imediatamente o poema ideal. Indo contra o acordado, resolvi ligar à compositora [Anne Victorino de Almeida] para o sugerir, respondendo-me ela que tinha acabado de ler esse mesmo poema e de pensar precisamente o mesmo. A exuberância de Natália Correia exaltando as virtudes da Paz e todas as razões porque a devemos sempre procurar deu-nos a certeza de estarmos perante o último elemento deste nosso projeto”.

Sobre o álbum, que inclui ainda obras de Eurico Carratoso e Tiago Derriça, Possante sublinhou que “foi por várias vezes marcado por pequenas coincidências e acasos” que o fizeram sentir que o grupo, “de alguma forma, foi bafejado pela sorte”.

O primeiro passo para o novo trabalho foi dado em 2018, com a encomenda pelo Festival Estoril/Lisboa, ao compositor Eurico Carrapatoso, de uma obra celebrando o centenário do armistício da I Grande Guerra [1914-1948]”, o “Te Deum em Louvor da Paz” (no centenário do final da I Guerra).

Por coincidência, esta obra assinalou também outra efeméride, os 20 anos da colaboração entre o Olisipo e Carrapatoso, que data da estreia do ‘Magnificat em Talha Dourada’, na Igreja de São Roque, em Lisboa, “onde [também] se estreou em 2018, o ‘Te Deum em Louvor da Paz'”, agora gravado.

Igualmente em 2018, por encomenda do Festival Cistermusica, de Alcobaça, o Olissipo estreou os ‘Três Poemas de Fernando Pessoa’, que partilhavam com o ‘Te Deum’ de Carrapatoso, a escolha do poema ‘O Menino da Sua Mãe’.

“A coincidência de em tão pouco tempo fazermos parte da criação de duas versões desta brutal e comovente descrição das consequências da guerra tocou-me profundamente e deixou-me a intenção de juntar as obras num mesmo programa, unindo assim estas duas visões sobre a universalidade dos horrores da guerra e dos seus efeitos na humanidade”, disse Possante.

Voltando à ‘Ode à Paz’, de Natália Correia, surgiu da necessidade de “uma visão de luz que nos levasse definitivamente do lamento pela guerra ao anseio pela paz”, realçou Armando Possante.

O álbum conta com a participação especial da atriz Maria de Medeiros, que lê os poemas utilizados pelos compositores nas suas obras: ‘Le dormeur du val’, de Arthur Rimbaud, ‘Si je mourais là-bas’, de Guillaume Apollinaire, ‘O menino da sua mãe’, ‘Dorme que a vida é nada’ e ‘Entre o sono e sonho’, de Fernando Pessoa, e ‘Ode à Paz’, de Natália Correia. 

Possante referiu que o álbum é editado em tempos de guerra na Europa e, neste contexto, “as palavras de Arthur Rimbaud, Guillaume Apollinaire, Fernando Pessoa e Natália Correia atingem-nos na alma com inesperada atualidade, e lembram-nos da importância deste projeto, que é no seu âmago um projeto de amor”.

O novo álbum vai ser apresentado, durante este mês, no Funchal, em Óbidos, Lisboa e Évora.

No dia 23, às 20:30, na Igreja de Nossa Senhora do Monte, no Funchal, o grupo vocal estreia a composição de Anne Victorino de Almeida, no âmbito das iniciativas relacionadas com o centenário da morte do Beato Carlos D’Áustria, último imperador da Áustria-Hungria, Carlos de Habsburgo (1887-1922).

No dia 28, às 21:00, o Grupo Coral Olisipo atua na Igreja de São Domingos, em Lisboa. No dia seguinte, às 21:30, no Auditório Municipal da Casa da Música, em Óbidos, no distrito de Leiria, e, no dia 30, às 18:00, na Igreja de São Francisco, em Évora.

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